A Itália sucede a Portugal no trono do futebol europeu. Cinco anos depois do momento mais importante da história da seleção das quinas, Éder, o herói de Paris em 2016, esteve em Londres a passar o testemunho à equipa transalpina.
No Euro 2020 não houve uma seleção claramente superior a todas as outras, nem um jogador que saia da prova com candidatura à Bola de Ouro da FIFA.
O equilíbrio das equipas na fase a eliminar redundou no prolongamento em oito jogos. No plano individual, não se vislumbra um jogador que tenha sido a expressão do esplendor. Não é despiciendo a UEFA ter elegido um guarda-redes, o italiano Donnarumma, como o melhor jogador do torneio. A eleição comprova um Euro 2020 sem estrelas cintilantes nos relvados.
Na final de Wembley, a Itália foi mais afirmativa do que a Inglaterra e o desempate por grandes penalidades coroou a equipa que mereceu ganhar.
Com o encontro da final do europeu, a Itália somou 34 jogos seguidos sem perder. A última derrota foi frente a Portugal para a Liga das Nações, em 2018. Poucos meses antes, a "squadra azzurra" falhara pela primeira vez em 60 anos, a qualificação para um Mundial. O vexame provocou uma revolução. O selecionador Gian Piero Ventura foi despedido. E a chicotada psicológica não ficou por aí. Alguns jogadores também deixaram de representar a seleção como Buffon, Barzagli e De Rossi.
Para o comando técnico da seleção foi escolhido Roberto Mancini, campeão por clubes em Itália e Inglaterra e com experiência de seleção como jogador.
Construiu a equipa a partir de dois pilares, as velhas raposas do centro da defesa da Juventus Bonucci e Chiellini. Também não prescindiu do farol Jorginho na zona seis. Na escalada da equipa foi decisiva a competência com que mesclou experiência e juventude. Dos 26 jogadores que acabam de sagrar-se campeões da Europa, 12 estrearam-se com o atual selecionador.
A chicotada psicológica resultou na seleção italiana. A equipa de Mancini ganhou o europeu e praticou um futebol positivo. Portugal deixa de ser o detentor da Taça, mas trouxe de Londres o troféu de melhor marcador para Cristiano Ronaldo. Foi a nota positiva da equipa das quinas cujo comportamento coletivo defraudou, à semelhança de seleções como a França e a Alemanha.
Injusto e impróprio para as equipas e para os adeptos foi o modelo itinerante adotado pela UEFA com jogos em 11 diferentes cidades e países, ainda para mais em cenário de pandemia. Basta citar o exemplo da seleção da Suíça que teve de fazer mais de 15 mil quilómetros durante a competição, para lamentar que a decisão do presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, de não voltar a repetir o modelo, tenha chegado, no mínimo, com um ano de atraso…