O próximo governo terá um horizonte de quatro anos e meio. Mas será que irão prevalecer as tendências que marcaram os últimos anos, durante os quais tivemos um governo em navegação à vista, apenas movido pelos imperativos do imediato? Esse risco existe, é o da inércia.
A incapacidade para prever e planear a prazo caracterizou a maneira como Portugal foi até aqui governado. Vejamos alguns exemplos. Desde pelo menos 2019 que se sabia existirem problemas com as regras para as votações de emigrantes. No entanto, nada foi feito para prevenir o vergonhoso caso que obriga a repetir as eleições para o círculo da Europa.
Toda a gente se queixa agora dos malefícios dos olivais intensivos, regados com água do Alqueva. Mas o problema estava bem à vista desde há anos. Os que investiram nesses olivais de cultura intensiva serão os menos prejudicados – quando os solos já não derem mais esses levantarão a tenda e irão colocá-la noutro lado.
Os custos da degradação dos solos outros os irão pagar. Ou seja, prevalece a política do lucro imediato, que os governantes não souberam ou não quiseram contrariar.
A seca é outro exemplo da incapacidade para prever e planear em consequência. Até há poucas semanas a seca e a falta de água não eram assunto no espaço público nacional. De um momento para o outro, a seca e a falta de água dominam a atualidade informativa.
Perdeu-se, assim, a oportunidade para tomar em tempo útil medidas capazes de atenuar os dramáticos efeitos de uma seca que é tudo menos inesperada.
Se com um governo de maioria absoluta, livre de crise políticas, não for possível prever e planear, quando o será?