O momento mais quente da primeira metade do debate desta segunda-feira com os seis líderes dos partidos com representação parlamentar subiu de tom quando o assunto chegou ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). O assunto foi trazido a debate por intermédio de Assunção Cristas, quando se discutia a legislação laboral – a presidente do CDS alegou um aumento das listas de espera em 22%.
“A legislação laboral se calhar interessa ao outro lado”, começou por dizer Cristas, num aparente lapso sublinhado por sorrisos de Jerónimo de Sousa, do PCP, e Catarina Martins, do BE. E depois carregou sobre Costa.
“Vamos olhar para as cirurgias e as listas de espera aumentaram 22%. Nas consultas de especialidade há listas e listas de espera, às vezes com anos. Há uma série de promessas incumpridas: que todos os portugueses teriam médicos de família e há 710 mil portugueses sem médico de família”, frisou.
“Nós vemos o caos que está na saúde pela mão de um Governo da esquerda, apoiado pela esquerda mais radical, que supostamente tinham grande paixão pelo SNS, mas condenaram o SNS ao maior caos de sempre”, acusa Assunção Cristas.
Catarina Martins falou da reversão da entrega dos hospitais às Misericórdias – que a líder centrista considerou que poderia “ resolver o problema” das listas – e Costa acenou com a contratação de 11 mil profissionais.
O primeiro-ministro mostrou uma lista que tinha trazido para mostrar a Cristas, que só teve oportunidade de exibir já nas "alegações finais". Tratava-se de uma relação das 104 unidades de saúde familiar (USF) inauguradas durante a legislatura. "A Assunção Cristas acusou-me de ter mentido ao dizer que tínhamos aberto 100 USF", ironizou.
Números de entradas no SNS questionados
“Quantos profissionais é que saíram do SNS? Sabemos que oito mil se aposentaram mas não sabemos quantos saíram para o privado ou social”, questionou Cristas, que alega que os números estão escondidos pelo Governo. O socialista respondeu que os dados são públicos e que os 11.000 profissionais são número líquido entre entradas e saídas, mas a discussão prolongou-se um bom par de minutos.
“Não sabemos quantos desses 11 mil já estavam dentro do SNS. Muitos deles já estavam dentro e só foi alterado o regime contratual”, alegou Assunção Cristas.
António Costa contra-atacou com o número de mais 700 mil consultas nos cuidados de saúde primários do que em 2015.
“Está interessado nos dados da produção e não se as pessoas estão melhor ou pior. Tenho vários exemplos. Tive oportunidade de lhos dar, até pediu porque pelos vistos não conhecia”, carregou Cristas.
Costas respondeu com um sorriso: “As pessoas estão seguramente melhor, com mais consultas”.