Emprego precário aumenta para 17,8%
07-09-2023 - 21:29
 • Sandra Afonso

Estudo conclui que “42% dos desempregados não têm ensino médio ou superior, o que dificulta a saída do desemprego, tornando-se um obstáculo”.

O emprego com contrato a termo ou recibos verdes, os chamados precários, aumentou para quase 18%, indicam números apresentados pela Randstad, num estudo que conta com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), do Instituto do Emprego e Formação Profissional, do Ministério do Trabalho, do Banco de Portugal e do Eurostat.

A taxa de emprego temporário aumentou 1,6 pontos percentuais no último ano, para 17,8%.

No total, há 4,25 milhões a trabalhar por conta de outrem, dos quais 82,2% têm contrato sem termo, 6,7% trabalham a tempo parcial.

Por antiguidade, 1,35 milhões dos trabalhadores mantêm o mesmo emprego há mais de 20 anos, ou seja, mais de 27% do total dos trabalhadores. Este é o valor mais baixo dos últimos dois anos.

No final do segundo trimestre havia menos 1.100 pessoas na população ativa, que passou a contar com 5,3 milhões. Destas, 32,1% têm o ensino superior e apresentam a taxa de atividade mais alta, de 84,5%, em comparação com as pessoas com ensino secundário e pós-secundário.

A taxa de atividade cresceu em todas as faixas etárias, à exceção dos 45 a 54 anos e a partir dos 65 anos. A maior taxa é a da população entre os 35 e os 44 anos.

A população desempregada diminuiu para 324 mil pessoas, são menos 55.800 desempregados. Quase metade (46,7%) está à procura de emprego há mais de um ano.


42% dos desempregados sem ensino médio ou superior

Este estudo conclui que “42% dos desempregados não têm ensino médio ou superior, o que dificulta a saída do desemprego, tornando-se um obstáculo”.

Enquanto 32,8% dos profissionais têm o ensino superior completo e uma taxa de emprego acima de 81%, a taxa de emprego dos trabalhadores com estudos secundários e pós-secundários (31,6%) está quase 12 pontos abaixo.

Mais de 18% dos trabalhadores têm apenas o ensino básico.

Lisboa com maior taxa de desemprego e Norte mais desempregados

As regiões Centro e Algarve registam a taxa de desemprego mais baixa, enquanto que Lisboa tem a taxa mais alta e o Norte mais desempregados.

Por outro lado, o Norte é também a região com mais pessoas no ativo, 1,86 milhões, seguido da Área Metropolitana de Lisboa, com 1,45 milhões.

O Alentejo é a região com a taxa de emprego mais baixa (55,4%) e o Algarve a taxa mais alta (59,5%).

Já o Centro (4,9%) e o Algarve (5,0%) são as regiões com menor taxa de desemprego. Lisboa tem a taxa mais alta (7,0%), com 102,0 mil desempregados, mas o Norte apresenta mais desempregados

(118,9 mil).

O estudo indica que a taxa de desemprego fixou-se em 6,1% e diminuiu 1,1 pontos percentuais, tanto para homens como para mulheres. Atualmente a diferença entre cada um dos grupos é de seis décimas de ponto percentual.

Mais de metade dos trabalhadores acima dos 44 anos

A maior taxa de emprego situa-se na faixa etária entre os 35 e os 44 anos (89,1%).

No entanto, mais de metade dos trabalhadores (51%) tem mais de 44 anos. Um quarto de todos os profissionais tem menos de 35 anos e 23,8% tem mais de 55 anos.

Relativamente ao género, é possível perceber que 50,1% da população ativa são homens e 49,9% são mulheres.

Apesar da taxa de desemprego jovem estar a diminuir (menos 2,4 pontos no 2º trimestre), caiu para 17,2%, é quase o triplo da taxa média de desemprego total do país (6,1%)

Indústria transformadora e comércio os maiores empregadores

Por profissão, especialistas das atividades intelectuais e científicas reúnem o maior número de trabalhadores, 1,12 milhões ou 22,5% de todos os empregados do país. Seguem-se os trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores (933 mil) e os trabalhadores qualificados da indústria, construção e artificies (641 mil).

No entanto, por atividade económica, a indústria transformadora gera 16,5% do emprego do país. O comércio é a segunda atividade com mais profissionais, 14,0%.

Nos serviços, os setores da educação e da saúde empregam 18,3% do total de profissionais.

O emprego nas administrações públicas aumentou, em 4.580 pessoas, e alcançou os 747.707 profissionais. O maior grupo neste setor é o de assistente operacional/operário auxiliar, com 168.778 profissionais, o que equivale a 22,6% do emprego público. Na área da saúde e educação, atuam 37,3% de pessoas das administrações públicas.

Os dados apresentados mostram ainda que 75% dos desempregados registados vêm do setor dos serviços, principalmente de atividades imobiliárias, administrativas e de apoio, com 80.362 pessoas desempregadas em julho de 2023.

O número de pessoas em teletrabalho aumentou em 23 mil neste segundo trimestre do ano, alcançando as 960 mil pessoas.