O Azerbaijão exige que a Arménia se retire do território separatista de Nagorno-Karabakh para impedir “a escalada” do conflito.
“Se a Arménia quiser acabar com a escalada da situação, a bola está no seu campo. A Arménia deve pôr fim à ocupação. Já basta”, afirmou nesta sexta-feira o assessor da presidência do Azerbaijão para os assuntos externos, Hikmet Hajiyev, em videoconferência com a imprensa.
Na rede social Twitter, o Azerbaijão promete libertar os territórios ocupados e acusa a Arménia de atacar o país.
A exigência feita à Arménia é a resposta à declaração de Erevan, também nesta sexta-feira, sobre estar pronta para trabalhar com o grupo de mediação constituído pela Rússia, os Estados Unidos e a França para adotar um cessar-fogo em Nagorno-Karabakh, onde o Azerbaijão enfrenta separatistas apoiados por Erevan.
“Estamos prontos para nos juntarmos aos países que presidem o Grupo de Minsk da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa] a fim de restabelecer um cessar-fogo baseado nos acordos de 1994-1995”, anunciou a diplomacia arménia, em comunicado.
Os Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, dos EUA, Donald Trump, e de França, Emmanuel Macron, pediram na quinta-feira ao Azerbaijão e à Arménia que cessem as hostilidades através de um cessar-fogo imediato, em particular no enclave separatista do Nagorno-Karabakh, palco de combates desde domingo passado, dia 27 de setembro.
“Também apelamos aos dirigentes da Arménia e do Azerbaijão que assumam a obrigação de reiniciar as negociações para uma solução com a colaboração dos copresidentes do Grupo de Minsk da OSCE, de boa fé e sem impor condições prévias”, assinalaram os três chefes de Estado, numa declaração conjunta divulgada pelo Kremlin.
Os três países condenaram “firmemente” a escalada militar na fronteira entre os dois países no Nagorno-Karabakh, uma zona de disputa entre arménios e azeris desde 1988.
A Arménia diz-se defensora da paz e de todos os seus cidadãos, “incluindo os da diáspora”, e acusa o Azerbaijão de atacar alvos civis e jornalistas.
A principal cidade de Nagorno-Karabakh, Stepanakert, foi atacada nesta sexta-feira pelas forças do Azerbaijão, segundo o Ministério da Defesa arménio, que referiu haver “numerosos feridos” entre a população civil e danos em infraestruturas civis.
Segundo um balanço parcial, pelo menos 190 pessoas morreram desde o recomeço dos confrontos, no dia 27 de setembro: 158 soldados separatistas, 13 civis arménios, e 19 civis azeris.
Baku não divulgou ainda perdas militares, mas a Arménia diz que 1.280 soldados azeris morreram, enquanto o Azerbaijão fala em 1.900 militares arménios abatidos.
No centro das deterioradas relações entre Erevan e Baku encontra-se a região do Nagorno-Karabakh, no Cáucaso do Sul, onde há interesses divergentes de diversas potências, em particular da Turquia, da Rússia, do Irão e de países ocidentais.
Este território, de maioria arménia, integrado em 1921 no Azerbaijão pelas autoridades soviéticas, proclamou unilateralmente a independência em 1991, com o apoio da Arménia.
Na sequência da uma guerra que provocou 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk, constituído no seio da OSCE, mas as escaramuças armadas permaneceram frequentes.
Em julho deste ano, os dois países envolveram-se em confrontos a uma escala mais reduzida que provocaram cerca de 20 mortos. Os combates recentes mais significativos remontam abril de 2016, com um balanço de 110 mortos.