Um grupo de alunos do ensino secundário vai realizar pela primeira vez no próximo ano exames nacionais digitais, segundo o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), que decidiu que o projeto-piloto será aplicado a “duas ou três disciplinas”.
O plano que põe fim às provas e exames nacionais em papel foi experimentado no ano passado junto de seis mil alunos do ensino básico e deverá estar concluído em 2025, quando todos os estudantes tiverem de ler os enunciados das provas num ecrã.
Numa carta de solicitação enviada ao IAVE, o Ministério da Educação decidiu que, no próximo ano, será a vez de avançar com o projeto-piloto no secundário num “conjunto de exames nacionais”.
“O projeto-piloto será aplicado a todos os alunos que fazem uma determinada disciplina. Ainda não escolhemos as disciplinas, mas serão duas ou três que não tenham nem muito poucos nem muitos alunos inscritos”, revelou o presidente do IAVE, Luís Pereira dos Santos, em entrevista à Lusa.
Seguindo esta ideia, deverão ficar de fora disciplinas como Biologia e Geologia, Português, Física e Química A ou Matemática, que chegam a ter mais de 40 mil alunos inscritos só na 1.º fase.
Por outro lado, também não deverão ser escolhidos os alunos que fazem exames de Português Língua Não Materna, Mandarim ou Latim A, uma vez que são muito poucos: No ano passado, por exemplo, inscreveram-se 21 estudantes a Mandarim e 29 a Latim A.
Certo é que em 2025 todas as provas serão em formato digital, desde as provas de aferição do ensino básico até aos exames nacionais.
No entanto, os exames nacionais têm um peso acrescido, uma vez que são visto como uma espécie de bilhete de acesso ao ensino superior, valendo tanto quanto as notas atribuídas pelo trabalho realizado ao longo dos três anos do secundário.
Já as provas de aferição são importantes para avaliar os conhecimentos dos alunos, identificar as suas dificuldades e trabalhar nessas áreas, mas não têm peso na nota final do alunos.
Este ano, mais de 250 mil alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos vão realizar provas de aferição digitais, uma decisão que tem sido criticada por diretores, professores e pais.
Luís Pereira dos Santos reconheceu que o sistema ainda não é perfeito, havendo o risco de a rede de internet ou os computadores poderem falhar durante as provas, mas garante que o IAVE está a trabalhar com as escolas para identificar e corrigir problemas.
Sobre o modelo das provas digitais, o presidente do IAVE explicou que serão “muito idênticas” à estrutura das provas em papel: “Não esperem grandes revoluções, não é isso que nós queremos”.
No futuro, as provas digitais permitirão apresentar questões com simulações, modulações ou gráficos interativos, mas para já “não haverá nada disso”, garantiu.
As regras dos exames do secundário mantêm-se exatamente iguais às do ano passado, com um conjunto de perguntas obrigatórias e outro opcional.
As respostas obrigatórias são “uma amostra muito representativa do que os alunos têm mesmo de saber no final do ensino secundário ou no 11.º ano”, já no caso dos itens opcionais “só vão contar para a classificação final aqueles a que os alunos têm melhor classificação”, recordou.
O presidente do IAVE deixou um conselho aos alunos: “Façam a prova toda, não pensem que há itens obrigatórios e opcionais. A prova é para ser feita toda”.
Para os professores e estudantes mais ansiosos, Luís Pereira dos Santos sugeriu que visitem o ‘site’ do IAVE, onde estão disponíveis provas digitais com “exemplos muito próximos” dos que serão apresentados nos exames.