A porta-voz do BE disse que o Orçamento do Estado para 2016 "será naturalmente o espelho" dos acordos entre os partidos de esquerda. Já em Aveiro, o ministro da Economia alertou que o OE será “de contenção”, assinalando que haverá espaço para as promessas eleitorais do PS e para o investimento nas empresas.
“Há espaço para o que são as medidas de rendimento e que eram promessas eleitorais do PS e que vamos cumprir. Haverá espaço para o investimento nas empresas”, assegurou o ministro Manuel Caldeira Cabral, à margem da inauguração do Altice Labs, o centro da inovação do grupo Altice, situado nas instalações da PT Inovação, em Aveiro.
O governante frisou ainda que os fundos do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE) estão finalmente a chegar às empresas, mas não ainda ao ritmo pretendido pelo Governo.
“Queremos acelerar os processos de pagamentos e de avaliação para que as empresas que querem investir não fiquem à espera e criem empregos que estão a faltar a tantos portugueses”, referiu.
Questionado sobre a possibilidade de uma eventual queda do investimento estrangeiro em Portugal, Caldeira Cabral afirmou que há “vários investimentos que estão na calha, alguns dos quais estavam à espera de incentivos e outros à espera de tomada de decisões”.
“Não há um desinteresse dos investidores financeiros em Portugal, como demonstra o que foi a colocação de dívida pública na última semana em que houve três vezes a procura face à oferta, em que o spread baixou face às ofertas anteriores”, disse.
BE lembra acordo para parar “empobrecimento”
O Bloco de Esquerda avisa que o Orçamento do Estado terá de ser o “espelho” dos acordos do Governo com os partidos de esquerda. Catarina Martins afirmou que o Executivo não pode ceder à pressão de Bruxelas e que os portugueses votaram a favor de uma nova relação com a Comissão Europeia.
À margem de uma acção de campanha da candidata presidencial Marisa Matias, apoiada pelo Bloco de Esquerda, Catarina Martins falou aos jornalistas dos “recados” que têm vindo Comissão Europeia sobre o Orçamento do Estado para 2016, afiançando que “o Estado português terá uma relação diferente com as instituições europeias”.
“É preciso ser absolutamente firme neste momento e dizer que não há recado nenhum que venha de lado nenhum que possa pôr em causa o acordo que foi firmado para parar o empobrecimento em Portugal e que o Orçamento de 2016 será naturalmente o espelho desse acordo”, avisou.
Questionada pelos jornalistas se este aviso era para a Comissão Europeia ou para o primeiro-ministro, António Costa, a porta-voz do BE foi peremptória: "a nenhum dos partidos que fizeram este acordo passa pela cabeça que o Governo ponha em causa o acordo que firmou. Isso não tem nenhum sentido".
No momento em que se está a preparar o Orçamento do Estado, a porta-voz do BE quis “lembrar que todas as forças políticas que fizeram o acordo para parar o empobrecimento do país, todos sabíamos que este caminho ia ser difícil e todos sabíamos também que este era um caminho que não ia agradar propriamente à Comissão Europeia”.
“Agora todas as pessoas que votaram nos partidos que fizeram este acordo e que fazem parte desta nova solução de Governo, fizeram-no para que o nosso país tivesse uma nova relação com a Comissão Europeia e que não tivesse mais políticas de austeridade”, vincou.
Para a deputada bloquista, quem votou nos partidos de esquerda “não foi certamente para fazer o mesmo que faziam PSD e CDS que se fez um acordo que pode parar o empobrecimento”.