Uma equipa internacional de arqueólogos descobriu o fóssil humano mais antigo já encontrado em Portugal, um crânio com cerca de 400 mil anos, foi anunciado esta seunda-feira.
Liderados pelo português João Zilhão, os arqueólogos encontraram o crânio na gruta da Aroeira, concelho de Torres Novas, no centro do país, e apresentam hoje as suas conclusões num estudo publicado na edição desta semana do boletim da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos.
"Estudo estes locais há mais de 30 anos e já recuperámos muitos dados, mas a descoberta de um crânio humano desta idade e importância é sempre um momento muito especial", afirmou João Zilhão.
Nunca se tinha encontrado um fóssil humano da altura média do Pleistoceno, que cobre o período desde há 2,5 milhões de anos até há 11,5 mil anos, num local tão ocidental da Europa.
Na gruta foram encontrados também restos de animais e ferramentas de pedra, como machados.
O fóssil, recuperado em 2014, foi tirado do local incrustado num bloco único de sedimentos e levado para um centro de investigação em Madrid, Espanha, onde os especialistas o conseguiram separar ao cabo de dois anos de trabalho.
"O crânio da Aroeira é o fóssil humano mais antigo já encontrado em Portugal e partilha algumas características com outros fósseis deste período descobertos em Espanha, França e Itália", afirmou o arqueólogo Ralf Quam, da universidade norte-americana de Binghamton.
Quam apontou a Península Ibérica como "uma região crucial para compreender a origem e a evolução dos 'homens de Neandertal'", referindo-se ao ramo da evolução humana que se extinguiu há cerca de 40.000 anos.
O fóssil descoberto na gruta da Aroeira será a peça central de uma exposição que abre no mês de Outubro no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.