As instituições europeias estão em choque por causa do escândalo de corrupção protagonizado pela vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, de nacionalidade grega.
Por 625 votos, apenas um voto contra e duas abstenções, Eva Kaili foi destituída da vice-presidência. Os socialistas europeus expulsaram-na do seu grupo parlamentar.
Há uma semana Eva Kaili foi detida em Bruxelas e nas buscas realizadas pelas autoridades no seu apartamento foram encontrados sacos com 150 mil euros em dinheiro, segundo a imprensa local.
O seu pai foi detido nesse mesmo dia em flagrante num hotel da capital belga, carregando uma mala com 600 mil euros em dinheiro. As polícias da Bélgica e da Grécia foram ativas no desmantelar deste caso.
Eva Kaili, bem como familiares e amigos, é acusada de promover medidas favoráveis ao Qatar a troco de dinheiro e de presentes.
Ou seja, aparentemente trata-se de um caso de suborno. A visada diz-se inocente, mas é difícil acreditar nela.
A presidente do Parlamento Europeu, a presidente da Comissão Europeia e outros dirigentes da UE apressaram-se a repudiar a atuação alegadamente corrupta de Eva Kaili.
O que surpreende neste caso é a forma descarada, ou talvez também ingénua, como Eva Kaili surgiu a discursar no Parlamento Europeu, louvando o Qatar pelos seus pretensos avanços em matéria de direitos humanos. Ou como mantinha em sua casa sacos cheios de dinheiro.
O discurso no Parlamento Europeu era tão chocante que logo levantou suspeitas.
Podemos interrogar-nos sobre o que aconteceria se os alegadamente subornados pelo Qatar tomassem as precauções a que geralmente os corruptos mais sofisticados recorrem.
Daí que, na sua luta contra a corrupção, o Parlamento Europeu deverá preparar-se para investigações mais complexas, sem as facilidades patentes neste caso.