A Direção-Geral da Saúde e o Instituto Nacional Ricardo Jorge estão a trabalhar num modelo de análise com peritos estrangeiros para tratar o excesso de mortalidade nos últimos anos. A revelação foi feita esta quarta-feira, no Parlamento, pelo ministro da Saúde.
Já questionado pelo excesso de mortalidade verificado nos últimos dois anos, Manuel Pizarro justificou com a pandemia e o excesso de calor.
“São associados a dois fenómenos: aos sucessivos picos da pandemia, é um fator evidente, e o outro é momentos de alterações climáticas mais intensas, com uma novidade para o nosso país, é que ocorreram com períodos de calor extremo e não apenas com períodos de maior frio, como era como era habitual”, justificou.
No entender do governante, “isto precisa de ser analisado numa série mais longa” e neste sentindo anunciou que “o INSA e a DGS estão a preparar um modelo público de análise que permita até a participação de peritos estrangeiros para que não haja nenhuma questão sobre esta matéria”.
Outra questão levantada pelos deputados teve a ver com a resposta do SNS a doentes oncológicos com o ministro a admitir que apesar do sistema ter dado uma resposta positiva, há ainda muito a fazer.
“Do ponto de vista da capacidade de resposta do SNS, o que posso dizer é que nós fizemos 527.000 consultas hospitalares em 2019, e 600.000 em 2021. Estou a comparar o período antes da pandemia com o período pós-pandemia. Mas eu não estou tranquilo com este número”, admitiu.
“Este número é um número muito positivo. A capacidade de resposta do SNS aumentou muito, mas eu não estou tranquilo porque a capacidade de resposta pode ter aumentado apenas porque durante o ano de 2020 fizemos muito menos do que era necessário e houve atrasos. Eu acho que precisamos um pouco mais de tempo para avaliar isto”, acrescentou.
O ministro da Saúde está quarta-feira no Parlamento a pedido do PS e da iniciativa Liberal. É a primeira vez que Manuel Pizarro, enquanto ministro da Saúde, é ouvido na comissão parlamentar da Saúde. Os destaques são o relatório anual de acesso a cuidados de saúde e o novo estatuto do SNS.