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PS, Bloco de Esquerda, PAN e PEV querem aprovar a eutanásia, no próximo dia 20 de fevereiro. Já entregaram os seus projetos, mas não os apresentaram na campanha eleitoral. Nessa altura, puseram o tema na gaveta. Agora, pretendem aprovar uma medida que não ousaram propor aos eleitores.
Não é a primeira vez que tal ocorre. Mas a repetição fragiliza o sistema político que, por ser democrático, exige transparência e lealdade.
Os partidos sabem que a eutanásia é um tema polémico. Por isso, evitaram a discussão. Por isso, querem aprová-la à pressa.
É mais fácil aprovar a eutanásia no Parlamento do que investir no Serviço Nacional de Saúde.
É mais fácil aprovar a eutanásia no Parlamento do que alargar a rede de cuidados paliativos a todo o país, sobretudo aos mais pobres e àqueles que se encontram nas periferias dos cuidados humanos.
Esses deviam ser os combates a travar pelos deputados, de um extremo ao outro do Parlamento. Um deputado da República deveria sempre defender a vida, pois nenhuma é descartável seja por que motivo for.
É curioso, aliás, que a esquerda mais radical - adversária do individualismo e do liberalismo capitalista - seja, afinal, a maior adepta da liberalização da morte.
Em Portugal, quem se encontra numa situação de fragilidade não pode tomar certas decisões, até testamentárias. Mas, para os defensores da eutanásia, nada obsta a que em idênticas circunstâncias se possa optar entre a vida e a morte.
O Parlamento não tem poder absoluto, mas sobretudo não tem - como ninguém tem - absoluto conhecimento de todas as variáveis clínicas, emocionais e afetivas que separam a vida e a morte.
A vida e os seus limites, a morte e os seus mistérios estão para além daquilo que os deputados podem conhecer ou prever. Se não a querem proteger, deixem ao menos a vida em paz.