Os argumentistas de Hollywood admitiram, esta segunda-feira, um regresso ao trabalho após a conclusão de um acordo que pôs termo a quase cinco meses de greve, mas ainda aguardavam a concretização das suas reivindicações num caso ainda não resolvido.
O sindicato Writers Guild of America (WGA) chegou no domingo a um acordo de princípio com os patrões dos grandes estúdios e plataformas de 'streaming' para terminar com a greve que paralisa a indústria cinematográfica norte-americana, apesar de prosseguir o "braço de ferro" entre atores e estúdios.
"Foi uma longa e dura vitória", considerou o argumentista John August, membro do comité de negociação, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP). "Mas é bom estar perto do fim", acrescentou.
O acordo, que inclui "ganhos significativos" em termos salariais, e ainda proteções para enquadrar o uso da inteligência artificial, deverá ser ainda ratificado pelos 11.500 membros do sindicato.
O WGA já indicou que vai autorizar os seus membros a retomar o trabalho antes do final do processo, com a revista da especialidade Variety a indicar que as emissões de informação e entretenimento difundidas em diversos canais no final da tarde poderão ser retomadas dentro de duas a três semanas.
No entanto, a indefinição persiste em Hollywood, com os atores, representados pelo sindicato SAG-AFTRA a permanecerem em greve e admitindo-se que a resolução deste conflito social possa prolongar-se por semanas.
Após um regresso dos apresentadores ao trabalho, serão ainda necessários meses para colocar todas as equipas em cena e ultrapassar os atrasos acumulados.
O acordo de WGA com os patrões dos grandes estúdios
O compromisso aceite pelos estúdios com os argumentistas inclui um aumento do salário mínimo, bónus suplementares para os que escrevem as séries com maior audiência e formas de assegurar que a inteligência artificial seja utilizada sem afetar a sua remuneração.
O acordo também recupera muitas reivindicações dos atores, que o seu sindicato vai analisar ao detalhe, antes do início das negociações formais com os estúdios, mas com a reivindicações do SAG-AFTRA a irem mais longe que as colocadas pelo WGA.
O sindicato dos autores pede um maior aumento salarial, e a atribuição de uma percentagem real dos benefícios aos atores, independentemente do conteúdo, prevendo-se árduas negociações.
A greve de argumentistas e atores em Hollywood já custou à Califórnia cerca de cinco mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros), de acordo com o Milken Institute.
A autarca de Los Angeles, Karen Bass, emitiu um comunicado a dar os parabéns aos dois lados pelo acordo e disse ter esperança de que o mesmo possa acontecer em breve com os atores.
"Agora, devemo-nos concentrar em fazer com que a indústria do entretenimento e todas as pequenas empresas que dela dependem recuperem", disse Bass.
Cerca de 11.500 membros do WGA iniciaram, em 02 de maio, uma greve devido a questões salariais e ao uso de inteligência artificial na criação de argumentos.
Atores e argumentistas querem garantir que os estúdios não vão usar Inteligência Artificial (IA) para os substituir e querem receber pagamentos residuais no modelo de transmissão através de plataformas como a Netflix.
Anteriormente, estes pagamentos eram dados aos artistas de receitas provenientes de séries ou filmes licenciados para mercados internacionais ou retransmitidas na televisão.