Um referendo em junho de 2016 ditou a saída do Reino Unido da UE. As negociações que se seguiram ficaram marcadas pela dificuldade em encontrar uma solução para o problema da Irlanda do Norte.
O Ulster (Irlanda do Norte) faz parte do Reino Unido. Por isso, a fronteira que separa este território da República da Irlanda passaria a ser uma fronteira externa da UE. O que iria contrariar um compromisso de 1998, inscrito no acordo de paz que pôs termo à violência entre protestantes e católicos do Ulster. Foi aí consagrada a promessa de que a fronteira entre o Ulster e a República da Irlanda se manteria aberta.
O governo de Theresa May por três vezes viu a Câmara do Comuns rejeitar a solução acordada com a UE sobre a Irlanda do Norte. T. May demitiu-se, sucedendo-lhe Boris Johnson, um ardente defensor do Brexit.
O governo de Boris J. acordou com a UE que a Irlanda do Norte ficaria no mercado interno comunitário após o Brexit, mantendo-se assim aberta a fronteira com a República da Irlanda. O que implica uma fronteira alfandegária virtual entre o Ulster e o resto do Reino Unido.
No Ulster os partidários da integração no Reino Unido ficaram desagradados com a solução negociada com a UE. Boris J. quis voltar atrás naquilo que negociara. A UE recusou. Agora o governo britânico afirma que vai propor uma outra solução para a Irlanda do Norte.
Mas os políticos pró-britânicos do Ulster decidiram avançar – um ministro “unionista” (pró-britânico) ordenou à sua administração que suspendesse os controles alfandegários nessa fronteira virtual. Receando que tal ordem fosse ilegal (o que um tribunal do Ulster confirmou) os funcionários recusaram-se a cumprir a ordem.
Em suma, não se vislumbra uma solução substancialmente diferente daquela que Boris Johnson aceitou e depois rejeitou. O impasse continua.