A utilização de medicamentos genéricos no tratamento da Sida permite uma poupança anual de 140 milhões de euros no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os dados são da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN), tendo por base uma análise realizada pela sua Comissão Técnica de Fármaco-Economia.
Em Portugal, cerca de 48 mil pessoas estão infetadas com VIH. Tendo em conta que ainda não é possível erradicar o vírus, Maria do Carmo Neves, presidente da APOGEN, diz que a melhor opção para combater a SIDA é através das terapias antirretrovirais, que se “baseiam em moléculas duplas, triplas e quádruplas que permitem combater as resistências”, até há pouco tempo “bastante caras”.
À Renascença, a presidente da APOGEN recorda que os hospitais gastam menos dinheiro com os medicamentos genéricos e que, por isso, ficam com verbas para tratar mais doentes com SIDA.
“Os medicamentos para o tratamento da SIDA fazem parte do trio de maiores custos no SNS, com a oncologia e as doenças autoimunes. Em 2019, aparecem os primeiros genéricos e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde aumentou: por ano, temos uma poupança de 140 milhões de euros. Isto também aumenta a acessibilidade aos medicamentos: o SNS consegue tratar mais pessoas”, esclarece.
Maria do Carmo Neves diz ainda que Portugal tem um “longo caminho a fazer” na utilização de medicamentos genéricos, que “poem tratar 80% das patologias existentes”. A presidente da APOGEN afirma, por isso, que incentivar os médicos a prescrever mais vezes este tipo de medicamentos aumenta a sustentabilidade do SNS.
"Se não usarmos os medicamentos genéricos é desperdiçada a capacidade que SNS tem em introduzir mais inovação. A Alemanha tem uma quota de mercado desta medicação na ordem dos 80% e nós em Portugal estamos com 51%. As autoridades do Serviço Nacional de saúde não podem ignorar. Têm de incentivar a prescrição e a dispensa dos medicamentos genéricos”, conclui.
Este sábado celebra-se o Dia Mundial da Luta Contra a SIDA. Para assinalar a data e homenagear as 15 mil vítimas mortais em Portugal nos últimos 40 anos, os edifícios do Ministério da Saúde e da Direção Geral da Saúde iluminam-se a vermelho na noite de sábado para domingo.
A mesma iniciativa também decorre em várias cidades do país, como Almada (Talude do Elevador da Boca do Vento), Amadora (Paços do Concelho e biblioteca municipal), Sintra (Castelo dos Mouros), Vila Nova de Gaia (Arcadas do Mosteiro da Serra do Pilar) e nos Paços do Concelho de Cascais e Odivelas.