Tony Blair reconhece alguma responsabilidade no aparecimento do Estado Islâmico
25-10-2015 - 13:30

Em entrevista à CNN, o antigo primeiro-ministro britânico pede desculpas pelos erros cometidos na guerra do Iraque, mas não se arrepende de ter contribuído para a queda de Saddam Hussein.

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair voltou este domingo a pedir desculpas parciais pela guerra no Iraque e reconheceu alguma responsabilidade pelo aparecimento do autodenominado Estado Islâmico (EI).

“Claro que não podemos dizer que os que retiraram Saddam do poder, em 2003, estão isentos de responsabilidade pela situação em 2015, mas é importante admitir, por um lado, que a Primavera Árabe, que começou em 2011, também teria impacto no que é hoje o Iraque e, por outro, que o Estado Islâmico adquiriu maior proeminência a partir de uma base na Síria e não no Iraque”, afirmou em entrevista à CNN.

Blair reconhece, assim, que existem “alguns elementos de verdade” na visão daqueles que defendem que a invasão do Iraque foi uma das principais causas para o aparecimento do EI.

O antigo chefe do Governo britânico considera também que o debate sobre a intervenção do Ocidente no regime de Saddam Hussein é, até agora, inconclusivo.

“Não é claro para mim que, mesmo que a nossa política não tenha resultado, que outras tivessem resultado melhor”, afirmou.

Questionado sobre como se sente por ser denominado por alguns como “criminoso de guerra” pela decisão de invadir o Iraque, Tony Blair responde que fez o que considerou ser certo na altura.

“Se é certo ou não, isso é um julgamento que qualquer pessoa pode fazer agora”, acrescentou.

Blair renovou, ainda assim, o pedido de desculpas pelas informações erradas que levaram à invasão do Iraque, mas diz que não se arrepende de ter ajudado a retirar Saddam Hussein do poder.

“Posso pedir desculpa pelo facto de as informações dos serviços secretos que recebemos serem erradas. Porque, apesar de [Saddam] ter usado armas químicas contra o seu povo e outros, o programa de armamento não era o que pensávamos ser”, explicou na CNN.

Mas, “mesmo hoje, em 2015, julgo que é melhor ele não estar lá”, adiantou.