Ana Lopes, antiga internacional portuguesa, revela que foi vítima de assédio sexual durante a carreira e promete fazer denúncias.
A antiga internacional de 33 anos, que já anunciou o fim da carreira, também conhecida como Tita, comentou as acusações de assédio sexual contra Miguel Afonso, treinador da equipa feminina do Famalicão, por parte de jogadoras que orientou no Rio Ave.
Nas redes sociais, a ex-atleta assume "publicamente que também eu já fui vítima de assédio sexual enquanto jogava futebol (não pelo Miguel, há outros) e que até hoje não tomei as medidas necessárias por falta de provas, sob pena de ser julgada por difamação, mas ainda assim, agora mesmo farei uma denúncia".
Tita chegou ainda a fazer parte de uma lista candidata à direção do Sindicato dos Jogadores no ano passado, liderada por Ibraim Cassamá.
O treinador da equipa feminina do Famalicão, Miguel Afonso, foi acusado de assédio de sexual por algumas jogadoras do Rio Ave, equipa que treinou na época 2020/21.
O técnico, que treina agora a equipa feminina do Famalicão, terá trocado algumas mensagens íntimas com jogadoras com idade entre os 18 e os 20 anos, solicitando fotos e vídeos, segundo avança o "Público". Contatado pelo jornal, Miguel Afonso, de 40 anos, recusou-se a comentar, dizendo apenas: "Não sei onde querem chegar com isso e que tipo de conversas são essas."
Miguel Afonso começou a carreira de treinador no Bonitos de Amorim, em 2019/20, e rumou ao Rio Ave na época seguinte. Na temporada passada, orientou a Ovarense. Esta época, assumiu o comando do Famalicão.
Desde julho que os regulamentos da FPF preveem punições para os casos de assédio. Este é o primeiro caso do género a ser conhecido no país.
Silêncio de atuais jogadoras questionado
Tita pede para que outras vítimas de assédio também se cheguem à frente e denunciem os agressores: "Ficar calada ao ter conhecimento de causa de colegas que passam por estas situações é compactuar com quem exerce assédio".
"Não se pronunciar sobre o assunto, sabendo e tendo conhecimento real de provas, é também compactuar e dar asas a que histórias assim se repitam. Gosto de entender pessoas, gosto da parte do desenvolvimento pessoal, mas isto é algo que ainda hoje não consigo compreender. Há certamente necessidades inerentes de quem o faz e até de que responde, claro, mas há limites", prossegue.
A antiga internacional espera que as "meninas/mulheres que têm o prazer de jogar futebol, possam vivê-lo sem opressão, manipulação, violência, invasão. O futebol deve ser o palco dos sonhos e não o inverso", termina.
A ex-jogadora lamenta ainda o silêncio das atuais jogadores: "Para as jogadoras publicamente conhecidas em grandes clubes que até hoje ainda não se pronunciaram: alguém que está num clube e acredita que isto é defender a imagem está paradoxalmente a destruir a própria".
Tita, de 33 anos, terminou a carreira no fim da época passada. Passou pelo Torreense, Condeixa, Benfica, União Ferreirense, Cadima, Ansião e Atlético Ouriense. Foi campeã nacional em duas ocasiões e somou 9 internacionalizações pela seleção principal.