O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, considerou esta sexta-feira que a decisão tomada pelo Banco Central Europeu (BCE) de acabar com o programa pandémico de compra de ativos e reforço do normal "foi bem tomada".
"Foi uma larga maioria, mas foi muito larga. E a decisão foi tomada, e foi bem tomada", disse Mário Centeno aos jornalistas na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de dezembro, comentando as decisões de política monetária do BCE anunciadas na quinta-feira.
Numa descrição das medidas anunciadas, Centeno observou que a previsão da inflação estará, "no final do horizonte de projeção, ou seja, no médio prazo, compatível com o objetivo que foi inscrito em julho deste ano", altura em que foi aprovada a revisão da estratégia de política monetária, que coloca os objetivos de inflação na zona euro nos 2%.
"Pela primeira vez em muitos anos isto acontece, ou seja, são de novo boas notícias para a condução da política monetária, porque se tratou na última década foi de fazer um esforço para que a ancoragem da inflação ao objetivo do BCE fosse uma realidade, e isso não era conseguido", salientou.
O governador do BdP, que participa no Conselho de Governadores do BCE, considera que estas são "boas notícias para a política monetária e para a área do euro, pelo menos da forma como o BCE vê o seu mandato".
O BCE anunciou na quinta-feira que vai terminar a compra de ativos ao abrigo do Programa de Compras de Emergência Pandémica (PEPP) em março de 2022, mas reforçará o programa normal.
"No primeiro trimestre de 2022, o Conselho de Governadores espera conduzir as compras de ativos ao abrigo do Programa de Compras de Emergência Pandémica (PEPP) a um ritmo mais baixo que no trimestre anterior. Vai descontinuar as compras de ativos ao abrigo do PEPP no final de março de 2022", pode ler-se num comunicado divulgado.
O documento publica as decisões de política monetária do Conselho de Governadores, que também indicam que haverá um reforço das compras ao abrigo do programa de compra de ativos normal (APP).
"Em linha com a redução gradual na compra de ativos e para assegurar que a política monetária permanece consistente com a estabilização da inflação no seu objetivo no médio prazo, o Conselho de Governadores decidiu num ritmo de compras mensal de 40 mil milhões de euros no segundo trimestre e 30 mil milhões de euros no terceiro trimestre", pode ler-se no texto.
O BCE informou ainda que a partir de outubro de 2022 irá "manter as compras de ativos ao abrigo do APP a um ritmo mensal de 20 mil milhões enquanto for necessário para reforçar o impacto acomodatício das suas políticas de taxas de juro".
O Conselho de Governadores decidiu ainda manter inalteradas as taxas de juro.