Vigília exige “comissão parlamentar de inquérito” sobre adoções ilegais
20-01-2018 - 17:45

Em causa as alegadas adoções ilegais de crianças pela IURD e outros eventuais casos que possam acontecer.

Cerca de duas centenas de pessoas juntaram-se em frente à Assembleia da República para exigir a criação de "uma comissão parlamentar de inquérito, isenta" sobre os casos de adoções ilegais envolvendo a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).

Ana Piedade, do Movimento da Verdade, que organizou a vigília, disse à Renascença, que este movimento que recolheu até ao início da manhã de hoje 3.000 assinaturas "online", quer "a criação de uma comissão parlamentar de inquérito, isenta, para investigar estas adoções a fundo".

Ana Piedade afirmou que há inquéritos internos a decorrer na Segurança Social e na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mas o que exigem "é uma comissão independente, com especialistas, uma equipa multidisciplinar, que analise estas situações e apure responsabilidades".

O advogado Garcia Pereira, que participou na vigília, nesta questão das adoções ilegais que envolveram elementos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), "o Estado falhou em toda a linha", e defendeu que "a verdade não prescreve".

O advogado, em declarações à Lusa, manifestou dúvidas se os crimes prescreveram.

"Eu não dou por assente que tenha havido prescrição de procedimentos criminais, porque a lógica na prescrição criminar é que nos crimes continuados é que esse prazo apenas se inicia no último acto que tenha sido praticado", argumentou.

A TVI exibiu uma série de reportagens denominada "O Segredo dos Deuses", na qual noticiou que a IURD esteve alegadamente relacionada com o rapto e tráfico de crianças nascidas em Portugal.
Os supostos crimes terão acontecido na década de 1990, com crianças levadas de um lar em Lisboa, que teria alimentado um esquema de adoções ilegais em benefício de famílias ligadas à IURD que moravam no Brasil e nos Estados Unidos.
A IURD já refutou as acusações de rapto e de um esquema de adopção ilegal de crianças portuguesas e considera-as fruto de "uma campanha difamatória e mentirosa".
Segundo informações avançadas pela TVI, a IURD tem actualmente nove milhões de fiéis, espalhados por 182 países, 320 bispos e cerca de 14 mil pastores.