Fionn Ferreira, um adolescente lusodescendente de West Cork, na Irlanda, ficou em primeiro lugar na competição mundial da Google "Science Fair 2018-2019" em que, todos os anos, participam cerca de sete mil jovens com entre 13 e 18 anos.
Dos milhares de projetos avaliados, apenas 20 passam à final, disputada na Califórnia. E este ano foi Fionn Ferreira que ficou em primeiro lugar.
“Tive oportunidade de conviver com os outros finalistas e todos os projetos eram incríveis, outra pessoa poderia facilmente ter ganhado também”, garante o jovem em entrevista à Renascença.
Com família no Barreiro, em Setúbal, Fionn Ferreira diz que visita Portugal uma ou duas vezes por ano e que foi “ao observar as praias portuguesas e os rios da Baía do Tejo" que ganhou inspiração para o projeto de remoção de microplásticos da água antes que esta entre na corrente oceânica.
"Acho que este método poderia mesmo ser aplicado àquelas zonas específicas de Portugal”, confidencia.
Acabado de terminar o secundário, Fionn vai usar parte do dinheiro que ganhou na competição para financiar os seus estudos superiores no Instituto de Química da Universidade de Groningen Stratingh, na Holanda, para onde vai mudar-se no outono.
“Escolhi esta universidade porque é um sítio muito desenvolvido na investigação de remoção de plásticos da água e penso que, mais tarde, poderei vir a tirar um mestrado na Universidade de Coimbra.”
Para além da inspiração na Baía do Tejo, Fionn desenvolveu a sua ideia enquanto passeava na praia da cidade onde vive, Ballydehob. Pelo caminho, encontrou uma pedra coberta de plástico e resíduos de óleo. Alarmado com a quantidade de microplásticos (partículas de plástico com menos de cinco milímetros de diâmetro) que têm sido detetadas todos os anos nos oceanos, o jovem decidiu investigar uma forma de mitigar o problema.
“O método que criei remove os microplásticos antes de chegarem ao mar, através do uso de ferrofluidos”, explica o jovem investigador à Renascença. Dado o reduzido tamanho destas partículas de plástico, que se encontram até nas nossas roupas e nalguns produtos de higiene, é impossível removê-las com filtros comuns.
Os ferrofluidos são introduzidos na água, agarrando os microplásticos, que depois são removidos com um íman, deixando a água limpa. O método tem uma eficácia de 87%, tendo resultado até com o plástico mais difícil de remover da água, o polipropileno.
“Este método aplica-se muito bem a resíduos industriais que entram na água, como é o caso da zona da Baía do Tejo, por exemplo”, refere Fionn Ferreira.
O próximo passo é, através da colaboração que tem em curso com alguns dos parceiros da competição da Google, levar a ideia a “realidades cada vez maiores”.