Cada recluso custa anualmente ao Estado "cerca de 20 mil euros"
26-11-2019 - 15:59
 • Liliana Monteiro

Contas são do presidente da CONFIAR - Associação de Fraternidade Prisional. Sete em cada 10 filhos de reclusos não quebra o ciclo de crime e estatísticas europeias revelam ainda que 75% dos reclusos volta ao crime no prazo de um a cinco anos após a libertação.

Um recluso custa em média, ao Estado, "cerca de 20 mil euros" por ano. As contas foram esta terça-feira apresentadas por Luis Graça, presidente da CONFIAR - Associação de Fraternidade Prisional, que celebra este mês 20 anos com uma conferência sobre a justiça restaurativa.

"Gastamos 54 euros por dia em cama, mesa e roupa lavada de um recluso. Isto dá 20 mil euros por ano. Não estamos a contribuir com este investimento para uma sociedade mais segura e os crimes como o tráfico de droga e violência doméstica, por exemplo, continuam a crescer’, afirmou, durante a conferência que decorre esta terça-feira, na Assembleia da Republica.

Portugal tem nesta altura cerca de 13 mil reclusos e Luís Graça sublinha que o caminho passa cada vez mais pela reabilitação de quem está atrás das grades, uma medida que "traz ganhos diretos à sociedade".

Prevenção e Reinserção são motes fundamentais para diminuir o número de reclusos e da criminalidade e as contas, diz, são fáceis de fazer: "Se prevenirmos que 10 reclusos não reincidam no crime, estamos a falar de 200 mil euros. Sem falar nos gastos que se poupava nos tribunais, investigação, oficiais de justiça, etc.", explica.

O presidente da CONFIAR lamenta que seja mais fácil olhar para um criminoso como só criminoso, e não como alguém capaz de se reabilitar, embora admita que Portugal começa a dar passos no sentido da reabilitação de quem está nas prisões.

Luis Graça considera que a justiça restaurativa é a única que pode de facto mudar as pessoas e dar frutos a longo prazo.

Os dados europeus revelam que existem 1,4 milhões de reclusos na Europa e 2,1 milhões de filhos de pais reclusos. Sete em cada 10 filhos de presos não quebra o ciclo de crime e 75% dos reclusos voltam ao crime no prazo de cinco anos.