O escritor Douglas Stuart venceu o prémio literário Booker deste ano, com a obra “Shuggie Bain”, e é o segundo escritor da Escócia a conquistar o galardão, anunciou a organização esta quinta-feira.
“'Shuggie Bain' de Douglas Stuart foi hoje à noite laureado com o Booker Prize 2020 para Ficção, com o culminar de uma 'cerimónia sem paredes' repleta de 'estrelas' na Roundhouse de Londres”, é indicado num comunicado divulgado pela organização.
“Shuggie Bain” foi o primeiro romance de Stuart, que é também o segundo escritor escocês a vencer o galardão, depois de James Kelman, em 1994.
A obra é baseada nas experiências pessoais do escritor de uma infância em Glasgow repleta de “pobreza e dependências”.
O livro transporta o leitor para Glasgow na década de 1980, “com uma mãe a batalhar contra as dependências”.
Margaret Thatcher era primeira-ministra durante este período, caracterizado pela austeridade implementada pelo Governo conservador em todo o Reino Unido.
Douglas Stuart dedicou a obra à mãe, que morreu vítima de alcoolismo quando o escritor tinha apena 16 anos.
Um dos elementos do júri da edição deste ano, Margaret Busby, comentou que a obra “está destinada a ser um clássico” por ser um “retrato comovente, envolvente e matizado de um mundo social muito unido, do seu povo e dos seus valores”.
Além de Douglas, também estavam nomeados os escritoes Diane Cook, Tsitsi Dangarembga, Avni Doshi, Maaza Mengiste e Brandon Taylor.
Esta edição de um dos mais importantes prémios literários da língua inglesa, que premeia ficção publicada desde outubro de 2019, no Reino Unido e Irlanda, é disputada por quatro mulheres e dois homens, todos nomeados pela primeira vez.
Diane Cook (“The New Wilderness”), Tsitsi Dangarembga (“This Mournable Body”, o terceiro título de uma trilogia), Avni Doshi (“Burnt Sugar”), Maaza Mengiste (“The Shadow King”), Brandon Taylor (“Real Life”) e Douglas Stuart (“Shuggie Bain”) saberão em novembro qual deles vencerá o Prémio Booker 2020.
O júri é composto pela editora e crítica literária Margaret Busby, que preside, pelo escritor Lee Child, pelo autor e crítico Sameer Rahim, pelo escritor Lemn Sissay e pela tradutora Emily Wilson. O júri escolheu os nomeados de entre 162 candidatos.
“Os romances da lista de finalistas deste ano vão de uma criança fora do comum, que cresce na classe trabalhadora de Glasgow na década de 1980, a uma mulher que enfrenta um pesadelo pós-colonial no Zimbabué. Pelo caminho encontramos um homem que luta contra o racismo num campus universitário, participamos numa caminhada no deserto após um desastre ambiental, seguimos uma mulher e a sua mãe idosa enquanto viajam pela Índia e, numa exploração do poder feminino, descobrimos como pessoas comuns se ‘levantaram’ na Etiópia nos anos 1930 para defenderem o seu país contra os invasores italianos. É uma variedade maravilhosa e enriquecedora de histórias, e também extremamente emocionante”, afirmou Margaret Bubsy, citada no comunicado hoje divulgado pela organização do prémio.
Fora da lista de finalistas ('shortlist') desta edição do Booker ficou a escritora inglesa Hilary Mantel, que se encontrava entre os 13 nomeados da 'longlist', anunciada no final de julho, com o livro “The Mirror and the Light”, depois de ter vencido o galardão, com os dois títulos anteriores da saga sobre Thomas Cromwell.
Outros autores previamente nomeados para o prémio, como Anne Tyler, com “Redhead by the Side of the Road”, e Colum McCann, com “Apeirogon”, também ficaram fora da lista de finalistas, assim como Gabriel Krauze (“Who They Was”), Kiley Reid (“Such a Fun Age”), Sophie Ward (“Love and Other Thoughts Experiments”) e C Pam Zhang (“How Much of These Hills is Gold”), que completavam a lista inicial de nomeados.
No ano passado, o Booker foi conquistado, em conjunto, por “Os Testamentos”, de Margaret Atwood, e “Girl, Woman, Other”, de Bernardine Evaristo.