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Ao segundo dia, a cena repete-se na fase de instrução do caso de Tancos. Os dois arguidos que esta quinta-feira deveriam ser ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre remeteram-se ao silêncio.
O major Pinto da Costa e Mário Lage de Carvalho optaram, tal como lhes é permitido, por não prestar esclarecimentos nesta fase de instrução o processo. O mesmo que fizeram, ontem, Válter Abreu e Jaime Martins Oliveira.
As audições desta quinta-feira eram, sobretudo, importantes para a defesa de João Paulino, o homem que é considerado o cérebro do roubo de Tancos. Aos jornalistas o advogado Melo Alves disse que “gostava de ter ouvido hoje os dois inspetores da Polícia Judiciária Militar”.
Quanto à versão do seu cliente do que aconteceu, referiu que João Paulino “negociou a devolução do armamento militar ao mais alto nível”.
O defensor deste arguido escusou-se, porém, a detalhar com quem negociou o seu cliente a entrega das armas, que reapareceram na Chamusca, em outubro de 2017, cerca de três meses depois de terem sido levadas dos paióis do quartel de Tancos.
O caso de Tancos envolve 23 acusados, incluindo Azeredo Lopes (que se demitiu na sequência do caso), o ex-diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM) Luís Vieira e o ex-porta-voz da instituição militar Vasco Brazão, que estão acusados de um conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.
O caso do furto do armamento de guerra dos paióis de Tancos foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.