Mais 35 mil casos suspeitos em 48 horas? DGS explica o método, mas não a variação
20-04-2020 - 13:48
 • João Carlos Malta

Graça Freitas afirmou que o SNS tem uma "malha muito larga" para identificar casos suspeitos de coronavírus, porque prefere apanhar "muitos casos que não sejam positivos a deixar passar um caso positivo".

Veja também:


Nos últimos dois dias apareceram no relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) mais 35 mil casos suspeitos. A diretora-geral Graça Freitas abordou o tema, na conferência de imprensa desta segunda-feira, atribuindo os números “à malha larga” utilizada pelas autoridades de saúde, mas não explicando o que justifica o disparo dos valores desde o fim de semana.

“Neste momento utilizamos no SNS uma malha muito larga. Preferimos apanhar muitos casos que não sejam positivos a deixar passar um caso positivo. Todas as pessoas que ligam para o SNS 24 e que apresentam sintomas, mesmo que sejam ligeiros, ficam como suspeitos. Depois são contactados por um médico, são testados e acabam por ser negativas. Mas é uma estratégia do nosso país captar o máximo possível de pessoas suspeitas para fazer o teste", explicou.

Graça Freitas não indicou razões para a variação dos últimos dias, uma vez que se deduz que a estratégia das autoridades não se tenha alterado nas últimas 48 horas.

Já no domingo, a Renascença tinha questionado a DGS sobre o aumento de 24.893 no número de casos suspeitos e de 24.570 de casos não confirmados em relação ao boletim de do dia anterior.

Hoje o valor volta a dar um salto com mais 10.749 pessoas suspeitas a entrar para a base de dados da DGS.

A política de testagem dos lares

Numa outra questão, a propósito da testagem em lares, a diretora-geral da Saúde garantiu que há duas políticas neste “plano muito intenso” de testagem em lares de idosos.

A primeira é a de testar “num lar onde apareça algum com sintomas, seja profissional ou utente, há uma política de testar rapidamente o lar” por inteiro. A outra a é a dos “testes de rastreio” que estão a ser feitos num programa em colaboração com autarquias e a academia. “Esse plano vai cobrir progressivamente todos os lares, inicialmente pela zona Norte” e depois chegando a todo o país, progressivamente.

Já em relação às criticas do presidente da autarquia de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, sobre a atuação nos lares de idosos do concelho, a diretora-geral da Saúde disse que “a região Norte tem um plano muito bem elaborado com os seus parceiros, com as autarquias, a segurança social, a proteção civil e tenta-se encontrar para cada lar as melhores metodologias para fazer os testes e o que se faz depois, nomeadamente isolar as pessoas dos lares que estejam positivas ou que tenham tido contacto próximo com positivos – o que se aplica aos profissionais e aos residentes”.

“Este é o plano que existe para a região norte, é o plano que tem estado a ser aplicado na grande maioria das situações, concretamente sobre Gaia não temos todos os pormenores mas sabemos que há este plano e que tem havido uma excelente articulação entre as autoridades”, assegurou a diretora-geral de Saúde.

Noutra dimensão, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, disse que os dados sobre as taxas de letalidade do novo vírus, que são de 12,8%, em termos globais, e de 3,5% na população acima dos 70 anos.

Portugal registou nesta segunda-feira mais 21 mortes (num total de 735) e um total de 20.863 casos de infecção pelo novo coronavírus, mais 657 do que no dia anterior.

A taxa de crescimento foi de 3,2%. Há ainda, segundo os dados da DGS, 1208 pessoas internadas e 215 em unidades de cuidados intensivos (menos nove do que no domingo). O número de recuperados mantém-se inalterado: são 610. Para se ser considerado “curado”, são precisos dois testes negativos.