“Controlar incêndios florestais no contexto das mudanças climáticas”, assim se chama o relatório levado a cabo pela OCDE em vários países, como Estados Unidos, Grécia e Portugal, no qual conclui que, em território nacional, falta comunicação e coordenação entre os organismos que gerem os incêndios rurais.
Apresentado esta quarta-feira de manhã, em Lisboa, no Ministério do Ambiente, o estudo levado a cabo em Portugal reconhece que muito tem sido feito em prol do combate aos incêndios e nas campanhas de sensibilização junto da população, como no caso da campanha “Portugal Chama”. Contudo, o Comité de Políticas de Ambiente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico deixa algumas recomendações.
Na parte do estudo desenvolvida em Portugal, realça-se a necessidade de gerir as florestas de forma a adaptar a sua estrutura e composição às mudanças no risco de incêndios florestais, de acordo com as necessidades e condições locais.
As autoridades nacionais são ainda aconselhadas a ampliar os esforços de gestão de matéria combustível nas florestas, a integrar modelos climáticos nas avaliações de risco de incêndios florestais e a desenvolver projeções que integrem informações sobre futuras mudanças climáticas e socioeconómicas em diferentes cenários.
A OCDE recomenda também o reforço da coordenação, a colaboração e o intercâmbio de conhecimentos entre setores e níveis de Governo, através de agências intergovernamentais ou plataformas intersectoriais que lidam com o fenómeno.
"O relatório é uma oportunidade muito boa, em que temos uma entidade externa e independente que faz uma leitura do trabalho que Portugal fez”, começa por dizer João Verde. O documento “coloca em evidência o que foi o sucesso e dá-nos algumas pistas para o futuro”, o que ajuda a Agência, o país e todas as entidades quais os caminhos de melhoria”.
Quanto ao reforço da coordenação, a colaboração e o intercâmbio de conhecimentos, sublinha que “o problema do reduzido diálogo entre as várias entidades não é um problema exclusivo português”. Considera, contudo, que nas culturas do sul da Europa isso é particularmente evidente.
“Há de facto reservas que têm de ser ultrapassadas, porque as mudanças que foram pedidas a Portugal significa chegar às entidades e dizer-lhes que o que têm vindo a fazer nos últimos dez, vinte ou trinta anos tem de ser alterado para nos encontrarmos algures a meio. Isso exige mais diálogo e alterações do processo de trabalho. A pouco a pouco, estou convicto, a questão vai ser ultrapassada e as entidades têm a consciência da necessidade dessas alterações. E vão fazê-las, naturalmente”.
A Agência coordena o sistema e facilita esse diálogo, assegura.
“Sendo que cada uma dessas entidades produz resultados que alimentam múltiplos sistemas. O que podemos fazer e procuramos fazer é coordenar a leitura desses produtos e trazê-los para o domínio dos incêndios rurais e garantir que são bem interpretados. E asseguramos um rumo mais ajustado em face da mudança que é necessária”.