O cabeça de lista do MAS às eleições europeias, Gil Garcia, criticou esta quarta-feira aquilo que chamou "o paraquedas dourado" dos eurodeputados, referindo-se às pensões que recebem depois de terminarem os mandatos, que disse poderem atingir 240 mil euros.
Numa ação de campanha realizada frente à sede da Segurança Social, em Lisboa, o candidato do MAS quis comparar as reformas dos deputados europeus com as reformas dos portugueses.
"Há um milhão de portugueses com reformas que atingiram agora os 600 euros - com o [recente] aumento de 50 euros -- (...), mas na Europa, os deputados europeus, quando forem eleitos, vão ter um paraquedas dourado", afirmou, explicando que "no caso de saírem de deputados e ficarem desempregados, coisa que nunca aconteceu, têm [a possibilidade de receber] um mês por cada ano de mandato, podendo atingir os 240.000 euros".
"Não há nenhum trabalhador em Portugal -- e, desconfio, na Europa toda, com este tipo de paraquedas dourado", sublinhou Gil Garcia, considerando a situação "um escândalo" e propondo acabar com "este tipo de privilégios".
No seguimento dos objetivos que já tinha estabelecido no início da campanha eleitoral, de reduzir os salários dos eurodeputados para metade e de criar um salário mínimo europeu de 1.300 euros, o candidato do MAS adiantou querer nivelar as reformas dos deputados ao Parlamento Europeu pelas do país de onde são nacionais.
"Acho que todos os trabalhadores, incluindo os deputados nacionais e os deputados europeus, devem-se regular pelas respetivas legislações", defendeu, adiantando que ninguém "deve ter condições de privilégio em relação aos demais trabalhadores".
Para Gil Garcia, esta discrepância de rendimentos é ainda mais inexplicável tendo em conta que "os deputados europeus nem sequer têm grande voto na matéria na maior parte das legislações porque [o Parlamento Europeu] é um organismo consultivo". Por isso, considerou, "só pode haver uma explicação: o Parlamento Europeu está ao serviço de dizer que sim a tudo o que a Comissão Europeia quer, por exemplo, em relação à guerra".
A Comissão Europeia está a preparar-se "para enfiar a Europa numa guerra, provavelmente mundial, a pretexto do apoio à Ucrânia" e "não estamos de acordo", afirmou o cabeça de lista do MAS, adiantando que Bruxelas está a seguir "a estratégia norte-americana de um conflito mundial com a China". A situação, adiantou, é demonstrada pela pressão que a Comissão Europeia tem feito para que os Estados-membros canalizem 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para a aliança militar NATO.
Questionado sobre o facto de a Comissão Europeia ter capacidade de decisão sobre a estratégia da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Gil Garcia garantiu que a relação existe e "é "canina".
"Toda a gente sabe o que a Comissão Europeia está atrás da política norte-americana. É a Comissão Europeia que está, evidentemente - com a Alemanha e a França em primeiro lugar -, a recomendar o cumprimento" pelos Estados-membros do orçamento para a NATO. "Parece que os Estados Unidos mandam a NATO dizer x, a NATO manda a Comissão Europeia dizer x+y e a Comissão Europeia manda os Estados-Membros cumprir x", resumiu.
A quatro dias da votação em Portugal para o Parlamento Europeu -- realiza-se a 09 de junho -- Gil Garcia assegurou que a campanha do MAS tem sido bem recebida pela população, mas não tanto pela imprensa, que "dá prioridade aos grandes partidos", o que considera "uma discriminação".
Ainda assim, o candidato mostrou ter esperança de eleger um eurodeputado, afirmando que "nas eleições, há sempre surpresas".
Em Portugal, as eleições europeias realizam-se em 9 de junho e serão disputadas por 17 partidos e coligações: AD, PS, Chega, IL, BE, CDU, Livre, PAN, ADN, MAS, Ergue-te, Nova Direita, Volt Portugal, RIR, Nós Cidadãos, MPT e PTP. Serão eleitos 21 deputados. .