O romance “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior, publicado pela editora LeYa foi o vencedor do Oceanos.
“Torto Arado é um romance raro e arrebatador por ser, ao mesmo tempo, absolutamente local e absolutamente universal”, avalia a crítica literária Joana Matos Frias.
“Fruto de uma escrita tão límpida que parece ocultar a sua enorme complexidade, Torto arado cumpre, acima de tudo, um propósito que a muito poucos é dado cumprir: é um livro para ser lido por todos os leitores”, acrescenta.
Numa mensagem de vídeo enviada ao Oceanos, Itamar declarou que o romance premiado “é uma história de amor à terra que me foi narrada muitas vezes, por conta de meu trabalho como servidor (público), com camponeses, trabalhadores rurais, quilombolas, indígenas, assentados, acampados, ribeirinhos e comunidades tradicionais como um todo, ao longo de 15 anos”.
“Este livro é um retrato – o meu retrato – do Brasil deste tempo em que vivo, um Brasil que tem uma profunda conexão, ainda, com o seu passado mal resolvido”, acrescentou o autor.
O segundo lugar foi para o romance “A Visão das Plantas”, da portuguesa Djaimilia Pereira de Almeida, editado pela Relógio D’ Água.
A escritora também venceu a edição 2019 do prêmio com o romance “Luanda, Lisboa, Paraíso”.
De acordo com a professora e crítica literária de origem santomense Inocência Mata, também jurada do Oceanos, a obra de Djaimilia Pereira de Almeida “é uma reflexão sobre a pós-humanidade, em que diferentes entendimentos de ‘meio ambiente’ são revelados e explorados”.
“Uma história em que representações da não-humanidade (as plantas, as flores, os frutos, os animais, os fenómenos atmosféricos) surgem como possibilidade redentora da condição humana”, conclui Inocência Mata.
O terceiro lugar ficou para “Carta à Rainha Louca”, da brasileira Maria Valéria Rezende, publicado no Brasil pela editora Alfaguara.
O Prémio Oceanos tem um valor monetário de aproximadamente 19 mil euros para o primeiro classificado, cerca de 12 mil euros para o segundo oito mil euros para o terceiro classificado.
O Prémio conta com o patrocínio do Banco Itaú e da DGLAB - Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.