Um líder da comunidade cristã do estado de Kano, na Nigéria, foi assassinado no final da semana passada, depois de ter sido atacado por muçulmanos da aldeia onde vivia.
O pastor Yohanna Shuaibu era o secretário-geral do núcleo local da Associação Cristã da Nigéria, na região de maioria muçulmana de Sumaila, no estado de Kano e era conhecido pelo seu ativismo em prole da minoria cristã, mas também pelos seus esforços no sentido de promover o diálogo inter-religioso.
A sua morte aconteceu na sequência de outro assassinato. Um homem matou a cunhada no dia 21 de setembro e depois entregou-se à polícia. Pouco depois, segundo a organização Christian Solidarity Worldwide (CSW), começaram a circular boatos de que o homicida, que era conhecido na aldeia por ter abandonado o islão, se tinha convertido ao cristianismo e frequentava a igreja evangélica da qual Shuaibu era pastor.
A polícia alertou o pastor, que abandou a aldeia juntamente com a sua família. No dia seguinte, contudo, regressou para ajudar a evacuar estudantes da escola cristã que ajudou a fundar e que servia sobretudo crianças da etnia hausa. Reparando, contudo, que o ambiente estava muito menos tenso, decidiu voltar com a sua família para a aldeia.
Nessa noite, porém, formou-se uma multidão de muçulmanos que atacaram a casa. A mulher e crianças de Yohanna Shuaibu conseguiram fugir, mas o pastor foi apanhado e agredido à catanada. Acabou por morrer das suas lesões no dia seguinte. A sua casa foi incendiada, bem como a escola que fundou e a igreja que pastoreava.
Segundo a CSW, Shuaibo era conhecido pela sua capacidade de angariação de fundos para ajudar a comunidade cristã local, incluindo na construção de poços de água. Num gesto de boa-vontade e de reconciliação, a comunidade cristã local financiou a reparação de uma fonte de água na mesquita local.
As tensões inter-religiosas e intercomunitárias continuam a fazer vítimas a um ritmo quase diário na Nigéria. O conflito assume várias formas e opõe geralmente os muçulmanos de etnia fulani, que tendem a ser pastores de gado, contra os agricultores de etnia hausa, maioritariamente cristãos. Às diferenças étnicas e religiosas das duas comunidades são agravadas por disputas por terras que uns pretendem usar para pastoreio e outros para agricultura.