Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia discutem, esta quinta-feira, o agravamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, numa cimeira extraordinária em Bruxelas convocada de urgência na quarta-feira pelo presidente do Conselho Europeu.
A cimeira extraordinária, presencial e com início agendado para as 20h00 de Bruxelas (19h00 de Lisboa), foi convocada face à escalada das tensões, depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter assinado, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as autoproclamadas repúblicas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste da Ucrânia), e de ter ordenado a mobilização do exército russo em missão de “manutenção da paz” para estes territórios separatistas pró-russos.
A UE reagiu prontamente, com a adoção de um pacote de sanções dirigido a Moscovo, acordado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 na terça-feira, mas o presidente do Conselho Europeu entendeu ainda assim convocar uma cimeira de líderes para uma discussão ao mais alto nível sobre os últimos desenvolvimentos da crise a leste e da ameaça de uma nova guerra na Europa.
“O uso da força e da coerção para mudar fronteiras não tem lugar no século XXI. Convoco um Conselho Europeu especial para amanhã [quinta-feira] em Bruxelas para discutir os últimos desenvolvimentos relacionados com a Ucrânia e a Rússia”, escreveu Charles Michel, na sua conta oficial na rede social Twitter, ao anunciar na quarta-feira a realização da cimeira.
Na carta-convite dirigida aos líderes, entre os quais o primeiro-ministro António Costa, o presidente do Conselho Europeu começa por agradecer aos 27 “a unidade demonstrada nos últimos dias, nomeadamente através da rápida adoção do pacote de sanções” à Rússia.
O presidente do Conselho Europeu especifica que o objetivo desta cimeira extraordinária é discutir “os últimos desenvolvimentos”, a forma de a UE “proteger a ordem internacional baseada em regras”, “como lidar com a Rússia, designadamente responsabilizando-a pelas suas ações”, e “como continuar a apoiar a Ucrânia e a sua população”.
A decisão de Putin de reconhecer as duas autoproclamadas repúblicas e abrir assim a porta ao envio de forças militares para território ucraniano foi condenada pela generalidade dos países ocidentais, que temiam há meses que a Rússia invadisse novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
Os líderes da UE já discutiram presencialmente na semana passada, em Bruxelas, a crise a leste, num encontro informal realizado imediatamente antes da cimeira UE-África, tendo o presidente do Conselho Europeu decidido marcar esta cimeira com caráter de urgência face aos desenvolvimentos desta semana, que aumentaram os receios de um conflito militar em grande escala.