O secretário de Estado da Energia considerou "totalmente incompreensível" que o Bloco de Esquerda proponha a revogação de um despacho que determina tarifas garantidas de eletricidade abaixo do preço de mercado, que são um "seguro para os consumidores".
João Galamba falava aos jornalistas, esta terça-feira, no final da sessão de apresentação de um estudo sobre o impacto da eletricidade de origem renovável, apresentado pela APREN, em Lisboa, quando afirmou não compreender "que o Bloco de Esquerda proponha a revogação de um decreto lei e de um despacho do atual governo", que reporta ao facto de existirem "hoje tarifas garantidas abaixo do preço de mercado", que considerou "um seguro para os consumidores" contra as subidas do preço da luz.
O governante disse também ser "totalmente incompreensível" a recente crítica do Bloco de Esquerda (BE), "que parece ser contra a utilização de 60% das receitas das licenças de CO2 na redução dos preços de eletricidade".
"O BE parece ter-se esquecido de medidas que ele próprio apoiou no passado - e bem - porque é uma maneira de que parte dos custos gerados pela poluição num país com muitas renováveis sirvam para abater as receitas de eletricidade, não percebemos a posição do bloco de esquerda porque isso é feito há vários anos, desde que estas receitas existem", apontou Galamba.
O secretário de Estado defendeu que, no momento atual, "é inequívoco" que as tarifas garantidas funcionam "como um seguro que protege os consumidores da subida do preço da eletricidade".
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, apresentou esta segunda-feira duas medidas para contrariar a subida dos preços da eletricidade no mercado grossista, que têm estado a bater recordes: não remunerar as barragens como as centrais emissoras de CO2, uma medida que está a ser estudada pelo Governo espanhol e acabar com extensão por mais cinco anos das remunerações às eólicas.
Para o secretário de Estado da Energia, "o Bloco de Esquerda propõe essas medidas não porque elas façam sentido, mas porque, à primeira vista, parecem ser positivas para os consumidores e parecem responder a uma ideia que não é de todo a do Governo, que é que a transição energética e a descarbonização se fazem em guerra permanente com as empresas que vão investir nessa mesma transição".