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“Não podemos ser escravos dos nossos patrões nem dos nossos trabalhos”, defende o delegado sindical e motorista de matérias perigosas Manuel Mendes.
Ouvido pela Renascença, este representante sindical que por estes dias tem estado junto à refinaria de Leça da Palmeira, admite que gostaria que a greve terminasse o quanto antes.
“Temos mantido sempre os serviços mínimos, o que não quer dizer que não venhamos a alterar o sistema. Mas a alteração ideal seria terminar a greve quando houver um acordo. E espero que isto rapidamente termine”, confessa.
“Já passei aqui duas noites, vou passar a terceira e não queria continuar. Isto tem custos e eu não queria continuar, porque a greve não está a corresponder às nossas expectativas. A ANTRAM e as empresas não estão a cumprir”, avança ainda.
Manuel Mendes está a coordenar o piquete de greve junto àquela refinaria do Norte. À Renascença, dá um exemplo de abuso por parte dos patrões.
“Temos um motorista que ia fazer um serviço à Covilhã. Ele está de greve e perguntou-me se deveria fazer o serviço e, ao fim do horário, encostava o camião e regressava só amanhã. E eu recomendei-lhe que fizesse a carga toda, embora se tratasse de um serviço para 11 horas. Não estou contra isso. Agora, quem faz uma carga que completa o horário e, logo depois, vai seguir com outra carga para mais quatro horas de trabalho... Acha isso correto?”, questiona.
“No entanto, se isso estiver incluído nos serviços mínimos, e for realmente obrigatório, teríamos de cumprir. Mas, depois, face a uma pressão deste género, muitos motoristas poderiam ficar doentes”, destaca.
Prisão, perda do emprego e pagamento de indemnização são algumas das consequências a que os motoristas que não cumprirem a requisição civil se sujeitam, de acordo com o especialista em Direito do Trabalho Luís Gonçalves da Silva.
Em entrevista à Renascença, o Governo até poderia ter ido mais longe nas medidas adotadas para conter os efeitos da greve dos motoristas de matérias perigosas e lembra que, se houver sanções, os principais prejudicados serão os camionistas e não o advogado do sindicato, Pedro Pardal Henriques.