O presidente do Parlamento russo, Vyacheslav Volodin, avisou esta quinta-feira que a NATO terá "mais Rússia" nas suas fronteiras com a adesão da Suécia e da Finlândia, em vez do contrário, numa resposta ao secretário-geral da Aliança.
"Jens Stoltenberg diz que a Rússia terá mais NATO nas suas fronteiras. Ele regozija-se demasiado cedo. Não estudou geografia na escola. Se a Finlândia e a Suécia aderirem ao bloco da NATO, haverá mais Rússia nas suas fronteiras”, escreveu Volodin na rede social Telegram, citado pela agência russa TASS.
A Rússia partilha uma fronteira terrestre de 1.340 quilómetros com a Finlândia e uma fronteira marítima com a Suécia.
Após o acordo que permitiu ultrapassar o veto da Turquia, Stoltenberg afirmou, na terça-feira, em Madrid, que a esperada adesão da Suécia e da Finlândia à NATO significará que a Rússia terá mais países vizinhos pertencentes à Aliança.
Stoltenberg recordou, na altura, que o Presidente russo, Vladimir Putin, tinha exigido à NATO garantias de que a organização não se expandiria a Leste e, em concreto, que nunca admitiria a Ucrânia como membro.
Antes de ordenar a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, Putin exigiu também que a NATO retirasse as suas forças para as fronteiras anteriores à adesão de países que integraram a antiga União Soviética.
“É preciso lembrar que, em dezembro do ano passado, o Presidente Putin propôs os chamados ‘tratados de segurança’ para serem assinados com a NATO, em que uma das mensagens mais importantes era de que estava contra qualquer alargamento da NATO. Ele queria menos NATO: agora, está a ter mais NATO às suas portas”, disse Stoltenberg em Madrid.
Stoltenberg disse ainda que a Rússia deve respeitar a “decisão soberana” de cada Estado de aderir a alianças internacionais e “escolher o seu próprio caminho”.
Os líderes da NATO formalizaram, na quarta-feira, o convite à Finlândia e à Suécia para se tornarem membros da Aliança Atlântica, um dia depois de a Turquia ter levantado o seu veto na sequência de um memorando trilateral assinado em Madrid.
“A adesão da Finlândia e da Suécia vai aumentar a segurança dos dois países, fortalecer a NATO e tornar a região euro-atlântica mais segura”, disseram os líderes da Aliança Atlântica num comunicado.
“A segurança da Finlândia e da Suécia é de importância direta para a Aliança, incluindo durante o processo de adesão”, acrescentaram.
Em reação, Putin avisou que a Rússia responderá na mesma medida se a adesão dos dois países nórdicos implicar o estacionamento de tropas e armamento dos aliados nos respetivos territórios.
À entrada hoje para a cimeira, a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, desvalorizou declarações de Putin.
“Putin está sempre a ameaçar, não é nada de novo”, comentou Kallas.
“Claro que temos de esperar algum tipo de surpresas de Putin, mas duvido que ataque diretamente a Suécia ou a Finlândia”, acrescentou.
A esperada adesão da Suécia e da Finlândia é uma das consequências da invasão russa da Ucrânia, que levou os dois países nórdicos a formular uma candidatura em meados de maio.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) conta atualmente com 30 membros, incluindo Portugal, um dos países fundadores da aliança militar, em 1949.