Na análise ao comportamento dos supermercados, no dia que entrou em vigor o diploma que procede à aplicação transitória de isenção de IVA a certos produtos alimentares, o comentador d’As Três da Manhã João Duque não se mostra surpreendido pelo cumprimento da medida.
A Renascença verificou no terreno que, efetivamente, alguns preços estão mais baixos no cabaz definido pelo Governo para IVA Zero, e, num exercício feito nas últimas duas semanas, constatou que os preços do cabaz ficaram inalterados.
“Não me surpreende”, diz João Duque, acrescentando que, “depois de tanta polémica pública e tanta acusação aos retalhistas, particularmente às grandes redes de retalho, estaria à espera exatamente deste comportamento”.
“Aliás, a lista que a Renascença publica, e está a acompanhar, apresenta um número de 13 produtos que desceram de preço na última semana”, refere, destacando que “é o resultado daquilo que é a evolução dos preços na produção e, portanto, os retalhistas, naturalmente, agora, debaixo de toda esta atenção, não iam ter outro comportamento. E hoje vão ter o comportamento absolutamente esperado, isto é, vão baixar os preços correspondente ao IVA, porque não há outra volta a dar”.
Na perspetiva do comentador, o que era preciso era “dar aqui um tempinho para a ajustar tanta referência”, tendo em conta os muitos itens que existem de um determinado produto nos supermercados, de várias marcas e dimensões.
Já sobre outros produtos, que estão fora do cabaz definido pelo Governo, e que viram os seus preços aumentarem, o comentador realça tratar-se de “uma estratégia que é muitas vezes usada nos supermercados e nas redes de retalho, que é o chamado usar os produtos chamariz em que as pessoas vão lá para comprar um determinado produto e depois saem a comprar outros”.
No entanto, sublinha que não está “à espera que os supermercados vão usar agora esta descida para, chamemos-lhe assim, usar como produto chamariz. Eu estou à espera daquilo que é a evolução normal; e nós temos assistido a essa evolução”.
“Isto é, de um modo geral, os retalhistas dizem que até baixaram ligeiramente as margens de comercialização, porque, também eles, não estão interessados em que as pessoas não comprem”, assinala.
“Nós temos que perceber uma coisa: comprar é um ato, as pessoas têm que sobreviver, mas podem escolher entre cadeias de retalho e entre produtos e, portanto, eles não estão interessados em que as pessoas não comprem, pelo contrário, estão interessados em que as pessoas comprem mais”, acrescenta.
Por isso, o comentador considera que a medida do Governo “vai resultar, naquilo que é a sua pequena dimensão”.