Costa volta a dizer ao estrangeiro: PS está pronto para formar governo com BE e PCP
14-10-2015 - 12:02
 • Marina Pimentel

Em entrevista ao “Financial Times”, o líder socialista garante que não está a fazer “bluff”.

O secretário-geral do Partido Socialista (PS) aponta para a forte possibilidade de um governo PS apoiado por BE e PCP, com garantias de respeito pelos compromissos internacionais.

Em entrevista ao “Financial Times”, António Costa garante que não está a fazer “bluff”. As negociações à esquerda estão mais avançadas do que as que estão em curso com a coligação, assegura.

Nesta entrevista ao "Financial Times", o líder dos socialistas admite claramente o que pretende. Apesar de ainda acreditar que pode haver um entendimento com a coligação de Passos Coelho (PSD) e Paulo Portas (CDS-PP), António Costa considera que seria melhor para o país um governo do PS, viabilizado à esquerda.

Esta solução não deve causar apreensão à Europa, explica António Costa, porque o PS é o mais pró-europeu dos partidos portugueses. Na terça-feira, à France Press, assegurou que "o PS não é o Syriza", o partido de esquerda que governa a Grécia.

Depois de um “governo radical” do PSD/CDS, que tomou “medidas brutais”, há agora a possibilidade de afastar austeridade, sem pôr em causa as obrigações internacionais do país, defende Costa.

Um executivo socialista continuaria comprometido com o euro e os compromissos orçamentais, nomeadamente em matéria de controlo do défice, volta a assegurar Costa, tentando sossegar investidores. O socialista garante que a renegociação da dívida, defendida pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda, não fará parte do programa desse eventual Governo liderado pelo PS.

Numa entrevista à agência Reuters, na terça-feira, o líder socialista vincou que o PS está pronto para governar e "virar a página da austeridade", acrescentando que, apesar de PSD e CDS-PP terem recolhido mais votos nas legislativas, as eleições mostraram um "desejo de mudança na política", já que a esquerda tem a maioria dos deputados.

A coligação PSD/CDS foi a força mais votada nas legislativas de 4 de Outubro, mas sem maioria absoluta de deputados.