A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) contabilizou no ano passado 124 acidentes de trabalho com vítimas mortais, menos 20 do que os ocorridos em 2021.
Do total de acidentes com vítimas mortais registados no ano passado, a maior parte ocorreu no setor da construção. Contudo, os números diferem: a ACT confirma 49 óbitos; já o Sindicato da Construção fala de 52 vítimas mortais no setor.
Em declarações à Renascença, Albano Ribeiro esclarece que a maior parte das mortes ocorre em pequenas obras de reabilitação urbana, "onde trabalham muitos milhares de pessoas, e onde os trabalhadores não usam capacete, não usam botas de biqueira de aço, os equipamentos essenciais para garantir a sua segurança".
"Se houvesse só empresários no setor da construção civil, havia uma queda vertiginosa dos acidentes de trabalho que ocorreram no ano passado: nós temos uma parceria com os empresários do setor e são esses que estão a contribuir para zero acidentes de trabalho. Nas grandes infraestruturas, como a ferrovia e a rodovia, não morreu nenhum trabalhador", diz o sindicalista.
Albano Ribeiro admite que o mesmo não se pode dizer sobre as obras de reabilitação urbana, onde trabalham milhares de pessoas "em pequenas obras, para patrões que não cumprem nem com o Estado, nem com os trabalhadores e são esses que estão a morrer".
A maioria dos acidentes (101) sucedeu nas instalações das empresas.
Segundos a ACT, a generalidade (32) dos acidentes com vítimas mortais ocorreu em estaleiros, pedreiras, minas a céu aberto e construção.
Das 124 vítimas mortais registadas, 90 eram cidadãos nacionais, a maioria (101) homens nas faixas etárias dos 55 aos 64 anos (39) e dos 45 aos 54 (32).
Segundo os dados da ACT, Lisboa foi o distrito onde ocorreram mais acidentes com vítimas mortais (25), seguido do Porto (18), Beja (12) e Aveiro e Leiria (10).
Em 2023 e até 1 de fevereiro, foram já registados três acidentes com vítimas mortais nas instalações das empresas nos distritos de Aveiro, Beja e Braga.
Quanto a acidentes de trabalho com vítimas que ficaram em estado grave, em 2022, a ACT contabilizou 427, menos 186 do que em 2021 (613).
A maioria das vítimas (353) foram homens, na faixa etária entre os 45 e os 54 anos, sendo a generalidade dos ferimentos (202) causados por fraturas e em acidentes em edifícios, construções e superfícies acima do solo.
Lisboa, com 126, foi o distrito onde se registaram mais acidentes com vítimas graves, seguido do Porto (96) e Braga (49).
[notícia atualizada às 12h03 com declarações do Sindicato da Construção]