A Associação Coração Silenciado, que congrega vítimas de abuso sexual na Igreja, vai ser recebida pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) na tarde do dia 14 de janeiro, em Fátima, anunciou hoje a associação.
No encontro, a realizar na Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo, no Santuário de Fátima, a partir das 16h00, deverão participar, pelo episcopado português, o presidente e vice-presidente da CEP, José Ornelas e Virgílio Antunes, respetivamente, e o secretário da Conferência, padre Manuel Barbosa.
Este encontro realiza-se dois meses depois de a Coração Silenciado ter manifestado, em carta aberta aos bispos católicos portugueses, "tristeza, desagrado e indignação" pela forma como têm "lidado com o tema dos abusos sexuais na Igreja que conduzem".
Na carta, datada de 2 de novembro, a associação considerava que "nove meses depois da apresentação do relatório da comissão criada (...) para o estudo deste tema, (...) muito poucas foram as ações desenvolvidas e as atitudes concretas levadas a cabo".
Acusando a Igreja de se estar a valer da prescrição dos casos, em termos criminais, a Coração Silenciado alertava que o "sofrimento não prescreve! Só acresce!".
Na carta aberta, os bispos são também questionados sobre quantos "já se reuniram, ao jeito do Papa Francisco, com as vítimas" das suas dioceses e quantos já entraram em contacto com a associação, ao mesmo tempo que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) era acusada de não ter ainda formalizado "nenhum convite para diálogo, para saber o que sentem as vítimas, o que precisam, o que esperam da Igreja em Portugal".
Na quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que o Ministério Público (MP) tem abertas 14 investigações sobre alegados abusos sexuais no contexto da Igreja Católica e arquivou outras 26 desde 2022.
Segundo a contabilização da PGR enviada à Lusa, as denúncias foram remetidas pela Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica, pela Comissão de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa, pelo Grupo VITA e por outros denunciantes.