​A alegria do encontro com trabalhadores. "Lembro-me sempre da saída da fábrica onde trabalhava"
01-10-2019 - 19:36
 • Cristina Nascimento

Jerónimo de Sousa esteve na mudança de turnos dos trabalhadores do entreposto da SONAE na Azambuja. Cumprimentou e foi cumprimentado. "É profundamente tocante"; reconhece.

De pé, junto aos torniquetes de entrada e saída, Jerónimo de Sousa assiste à passagem dos trabalhadores da SONAE e DHL, no entreposto da Azambuja, mesmo junto à Nacional 10 (onde há sempre camiões a passar).

São 1.800 trabalhadores que acabaram o seu turno. Saem com a pressa própria de quem acabou um dia de trabalho e vão agora para o resto dos seus afazeres.

No torniquete, lá está o secretário-geral do PCP e sua comitiva, acompanhada do aparato dos jornalistas. Distribuem panfletos, há bandeiras e ouve-se a banda sonora da CDU.

Jerónimo sorri com indisfarçável autenticidade. "Lembro-me sempre da saída da fábrica onde trabalhava. Passados tanto anos e é o mesmo sistema, só que naquela altura não havia quem desse papéis à porta das empresas porque era proibido", dirá depois ao jornalistas quando o questionaram sobre o que pensava enquanto cumprimentava os trabalhadores.

Jerónimo continua. "É sentir esta força de trabalho que sai com profundas preocupações em relação à sua vida, a questão dos seus salários é fundamental para eles", afirma.

"Sei que estiveram a fazer um plenário de trabalhadores para discutir estas e outras questões. Isto demonstra que nada está perdido para todo o sempre", acrescenta.

Entre os trabalhadores vê-se de tudo. Homens, mulheres, mais jovens, menos jovens, portugueses e muitos de origem estrangeira, entre os quais africanos e indianos. Uns passam meios indiferentes, outros procuram o aperto de mão e até o abraço de Jerónimo de Sousa, há quem - literalmente - lhe tire o chapéu antes de o cumprimentar.

Ao contrário do que se podia pensar, muitos estrangeiros mostraram grande afabilidade. Jerónimo de Sousa não sabe explicar porquê.

"Eu nâo conheço nenhum, a sério", garante, admitindo que possivelmente eles o conhecem. "Da forma afetuosa com que se dirigiam acredito que me conhecessem, possivelmente por culpa vossa", responde, confessando ter ficado supreendido.

Apesar da satisfação, Jerónimo de Sousa não faz uma leitura específica do momento.

"Nós que andamos nesta vida muitas vezes temos desaires, retrocessos, recuos, tristezas, mas este é daqueles prémios que não têm preço. Ter o respeito e o reconhecimento da nossa luta, dos nossos objetivos, das nossas propostas, para mim é profundamente tocante", descreve.