A Rússia acusou esta quarta-feira os serviços secretos norte-americanos e britânicos de envolvimento direto no ataque das forças ucranianas contra o quartel-general da frota russa do Mar Negro na Crimeia, na sexta-feira.
O ataque foi "executado a pedido dos serviços secretos norte-americanos e britânicos e em estreita coordenação com eles", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, citada pela agência francesa AFP.
Zakharova disse que as autoridades russas não têm "a menor dúvida" de que o ataque "foi planeado com antecedência, utilizando recursos dos serviços secretos ocidentais, equipamento de satélite da NATO e aviões de reconhecimento".
A Ucrânia anunciou ter matado cerca de trinta oficiais no ataque contra o quartel-general em Sebastopol, incluindo o comandante da frota do Mar Negro, vice-almirante Viktor Sokolov.
Os Estados Unidos e o Reino Unido não reagiram ainda às acusações da Rússia, segundo a AFP.
"O objetivo óbvio de tais atos terroristas é desviar a atenção das tentativas falhadas de uma contraofensiva" das forças ucranianas, disse Zakharova, citada pela agência russa TASS.
Os ataques visam também "intimidar as pessoas e semear o pânico na nossa sociedade", acrescentou, referindo que isso não terá sucesso.
As forças ucranianas têm em curso uma contraofensiva desde junho, após terem recebido novos fornecimentos de armamento dos aliados ocidentais.
As operações têm visado o sul e o leste da Ucrânia, onde as forças russas se concentraram após terem sido repelidas de outras regiões a seguir à invasão de 24 de fevereiro de 2022.
A península ucraniana da Crimeia, que a Rússia anexou ilegalmente em 2014, está no centro da ofensiva militar russa, tanto para abastecer as tropas que ocupam o sul da Ucrânia como para realizar ataques.
A Ucrânia intensificou nas últimas semanas os ataques contra a Crimeia e a Frota do Mar Negro.
A Rússia não confirmou nem desmentiu a morte do comandante da frota no ataque de 22 de setembro.
"Não existe qualquer informação sobre este assunto por parte do Ministério da Defesa", respondeu o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, aos jornalistas na terça-feira.
O Ministério da Defesa russo divulgou no mesmo dia imagens de Sokolov numa videoconferência, mas sem qualquer referência ao seu nome no comunicado sobre a reunião, que foi presidida pelo ministro Serguei Shoigu.
Na sequência disso, as forças de operações especiais ucranianas anunciaram que estavam a clarificar as informações junto de fontes na Crimeia, admitindo que era difícil identificar as vítimas.
O canal de televisão Zvezda, do exército russo, divulgou hoje uma curta entrevista em vídeo sem data, supostamente de Sokolov, na qual elogiava os sucessos das tropas sob o seu comando, segundo a AFP.
A agência noticiosa francesa acrescentou não ter sido possível verificar a veracidade ou a data das imagens.