O papel de Paulo Portas na sua sucessão
14-01-2016 - 17:01
 • Eunice Lourenço

Líder do CDS disse que não iria tomar partido, mas quis que Nuno Melo e Assunção Cristas conversassem.

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Quanto anunciou que iria deixar a liderança do CDS, Paulo Portas disse que não tomaria posição quanto a sucessores. Pode não o ter feito, mas, nos bastidores, continua a trabalhar para que o processo decorra sem conflitos.

Como disseram à Renascença dirigentes do CDS, o ainda líder queria evitar divisões e conflitos, sobretudo entre nomes que lhe são próximos e que fazem parte da sua direcção. E para o desenlace no cenário de sucessão – Nuno Melo não se candidata, Assunção Cristas avança –, foi essencial o papel do próprio Portas que quis que os seus dois mais prováveis sucessores conversassem um com o outro.

Logo no Conselho Nacional da semana passada, em que foi marcado o congresso, Paulo Portas fez questão que Assunção Cristas e Nuno Melo se sentassem lado a lado. E, depois, pediu-lhe que fossem falando um com o outro. A última conversa foi esta quinta-feira de manhã.

Ao meio-dia, Nuno Melo dava a conhecer a sua decisão de não se candidatar ao congresso, pedia a união do partido para evitar uma “balcanização” e anunciava o apoio a uma candidatura da ex-ministra.

Horas depois, no Facebook, Assunção Cristas anunciou que é candidata.

Ao longo da última semana, o eurodeputado foi recolhendo muitos apoios que o levaram a considerar mais com mais vontade a candidatura ao congresso. Mas, ao mesmo tempo, também foi crescendo aquilo que o próprio Melo chamou de “percepção pública” do sucesso de uma candidatura de Assunção Cristas.

A ex-ministra não tem um percurso partidário como o que o eurodeputado desfiou esta quinta-feira na sua conferência de imprensa. Assunção Cristas chegou ao CDS pela mão de Paulo Portas, que a convidou para o partido depois de a ver num debate televisivo sobre despenalização do aborto, no programa Prós e Contras, da RTP.

Rapidamente, Assunção Cristas chegou ao Parlamento e a uma das vice-presidências do partido. E foi um dos nomes que Paulo Portas fez questão de levar para o Governo, em 2011, onde ficou com a pasta da Agricultura, que manteve no curto executivo de Novembro de 2015. Actualmente, é deputada na Assembleia da República.