A Madre Teresa de Calcutá vai ser canonizada em 2016, confirma esta sexta-feira o Vaticano. O Papa Francisco assinou o decreto que autoriza a sua subida aos altares como santa.
A imprensa italiana começou por avançar que Francisco reconheceu o milagre proposto por unanimidade pelas comissões e congregações que trataram o processo. A canonização pode ocorrer a 4 ou 5 de Setembro do próximo ano, ainda durante o Jubileu da Misericórdia.
A freira albanesa laureada com o prémio Nobel dedicou a sua vida aos mais pobres dos mais pobres e vai ser canonizada pela Igreja Católica depois da aprovação de Francisco, que reconheceu a cura de um homem que sofria de vários tumores cerebrais.
As provas testemunhais durante o processo de estudo do caso
referem que as pessoas próximas do doente rezaram muito a Madre Teresa, de quem
a respectiva esposa era especialmente devota.
Madre Teresa morreu em 1997, com 87 anos, e era conhecida como "a santa das sarjetas" pelo trabalho que desenvolveu em Calcutá. Não foi ainda divulgado se a cerimónia de canonização terá lugar em Roma ou na Índia.
Entretanto, a Ordem das Missionárias da Caridade celebrou esta sexta-feira, a partir da cidade indiana de Calcutá, o anúncio de que a sua fundadora vai subir aos altares como santa no próximo mês de Setembro.
"Estamos muito felizes e agradecidas. Soubemos da notícia esta manhã", disse à Efe a porta-voz da congregação em Calcutá, a irmã Christie.
Uma mulher apaixonada
O confessor de Madre Teresa esteve em Lisboa em 2012, altura em que, em entrevista à Renascença, fez uma descrição da mulher heróica e explicou o processo para a causa de canonização.
O sacerdote canadiano Brian Kolodiejchuk conheceu Madre Teresa de Calcutá no final dos anos 70 quando se juntou a um grupo de contemplativos que a freira tinha acabado de fundar. Acabou por integrar também o ramo sacerdotal da ordem dos Padres Missionários da Caridade e tornou-se confessor e confidente da superiora.
Tendo-a conhecido tão profundamente, não duvidou em descrevê-la como uma mulher apaixonada: “Uma breve descrição de Madre Teresa pode ser de uma mulher fortemente apaixonada por Jesus. Considerava-se esposa de Jesus. Pude constatar isso em 20 anos de convívio com ela."
"Ela vivia mesmo este amor apaixonado por Jesus e agora descobrimos que o viveu de modo puro e despojado, ou seja, estava tão profundamente unida a ele que ele partilhou com ela a sua dor e sofrimento", lembrou.
Inés Gonxha Bojaxhiu, nome de Madre Teresa, nasceu a 26 de Agosto de 1910 em Skopje, capital da actual república da Macedónia, no seio da comunidade albanesa, e foi beatificada em 2003 depois de o Vaticano ter reconhecido como um milagre a cura de um tumor no abdómen de uma mulher indiana depois de colocar um medalhão com uma foto da freira.
Durante meio século levou a cabo um trabalho social em Calcutá com as Missionárias da Caridade, a congregação que fundou depois de uma experiência mística e, em 1979, foi distinguida com o Nobel da Paz.
As Missionárias da Paz contam hoje com cerca de 4.500 religiosas que trabalham em mais de 130 países, onde têm 710 casas para assistir os mais pobres e doentes.