Para o ditador russo, Vladimir Putin, a Ucrânia faz parte da Rússia. De facto, Kiev, a capital ucraniana, foi durante muitos anos uma cidade importante da União Soviética. Mas o colapso do comunismo soviético abriu as portas à independência da Ucrânia.
Putin não gosta de ver o apoio ocidental à Ucrânia. Incomodam-no sobretudo as manobras da Nato, a poucas centenas de quilómetros de Moscovo. Sabe-se como a história da Rússia criou no país o receio de um cerco por forças ocidentais hostis. Mas não é verosímil uma qualquer invasão da Nato pela Rússia dentro.
A Ucrânia aceitou em 1994 renunciar a armas nucleares, em contrapartida de garantias de segurança da parte da Rússia, dos EUA e do Reino Unido. Só que tais garantias parecem hoje menos sólidas.
Os ucranianos gostavam de fazer parte da Nato, porque se sentiriam mais defendidos de agressões russas. Mas os países da Nato não podem comprometer-se a defender a Ucrânia sabendo que este país já foi alvo de duas intervenções militares da Rússia – na Crimeia, que fez parte da Ucrânia e que Moscovo anexou, e no Leste da Ucrânia, onde os russos fomentam uma guerrilha contra Kiev.
Agora, a Rússia deslocou cerca de cem mil soldados bem armados para junto da fronteira ucraniana. Os militares russos ergueram ali hospitais de campanha e convocaram reservistas, sinais preocupantes.
A forças armadas ucranianas têm-se modernizado, incluindo com equipamentos fornecidos pelos EUA, mas o poderio militar russo é muito superior – ninguém duvida de quem seria vencedor de uma eventual agressão militar russa à Ucrânia.
A tensão é assim intensa naquela zona. Qualquer lapso ou mal entendido pode originar uma guerra de proporções alarmantes. Putin e J. Biden vão falar para tentarem evitar lapsos e mal entendidos. Nada mais do que isso, mas já seria muito bom que o conseguissem.