Rui Rio diz que é preciso construir uma nova maioria “sem linhas vermelhas". A ideia está na moção de estratégia que o presidente do PSD vai apresentar nas próximas eleições diretas do PSD.
É no último parágrafo deste documento que Rui Rio define como quer construir uma maioria para governar Portugal. O líder do PSD, e recandidato a um novo mandato, diz que o partido está em condições de chegar ao governo com uma liderança “responsável, credível e mobilizadora”.
Por isso, Rui Rio defende que é preciso construir uma nova maioria “sem linhas vermelhas, assente no diálogo e no compromisso, à esquerda ou à direita, cujo único limite será a da moderação, do respeito pelas instituições constitucionais e a do superior interesse nacional” lê-se na moção sem que haja qualquer referência a partidos.
A moção de estratégia de 18 páginas reúne os contributos de outros documentos com que Rui Rio se apresentou aos militantes, mas o líder do PSD garante que não apresenta uma nova estratégia, mas antes uma moção renovada “que atualize as grandes linhas definidas e prosseguidas nos últimos quatro anos”.
Rui Rio elenca vários desafios que o país terá que ultrapassar, o primeiro é o da economia. O candidato à liderança do PSD entende que “a economia portuguesa perdeu competitividade e está a ser ultrapassada pelas economias dos países europeus de adesão mais recente à União Europeia”. O segundo desafio é o da demografia, e, por isso, a aposta deve ser numa mudança de “políticas de maternidade e de infância, de forma a apoiar as famílias”.
Há ainda outros desafios como a valorização dos recursos naturais e o combate às alterações climáticas ou a degradação dos serviços públicos, a começar pelo Serviço Nacional de Saúde. É defendida ainda uma reforma na justiça, mas também na habitação e nas infraestruturas.
Reforma na educação e no sistema político
Outra área em que Rui Rio entende ser necessário uma profunda reforma é a da educação. E, neste caso, a aposta deve começar pela “educação de infância (creches e infantários) acessível a todas as crianças, promoção do sucesso escolar, rigor e clareza curricular, diversidade pedagógica, instrumentos sistemáticos de avaliação das aprendizagens, dignificação da profissão docente e autonomia das escolas”.
Rui Rio volta a insistir na necessidade de uma reforma do sistema político. O candidato à liderança do PSD diz que existe uma crise de representação, e esta reforma deve começar nos partidos, mas chegar ao Estado e às suas instituições centrais.
Rio acrescenta que “face ao crescente risco de populismo e radicalismo na sociedade portuguesa é necessário encontrar respostas que contribuam para o reforço das instituições, para a sua maior transparência e escrutínio”.
Perante este diagnóstico e todos os desafios que se colocam ao país, Rui Rio tem a certeza que só o PSD tem uma agenda reformista que dá resposta a estes bloqueios, mas para tal é necessário “uma nova cultura política capaz de enfrentar as adversidades e resistências que lhe estão associadas”.
A atual presidente do PSD diz que o PSD não pode adoptar a “política espectáculo” e tem de apostar no combate á corrupção, exigindo uma ética de responsabilidade e de transparência.
A moção será entregue pelo diretor de campanha Salvador Malheiro ao meio-dia esta segunda-feira, na sede nacional do PSD. Três horas e meia depois, às 15h30, será a vez de Paulo Rangel formalizar a candidatura à liderança do PSD.