Estará a lógica habitual das greves a ser ultrapassada? À margem das estruturas sindicais que dão a cobertura legal à greve, as campanhas de financiamento podem compensar grevistas pelo corte de salários? Antes os grevistas sofriam prejuízos no presente na expectativa de benefícios no futuro, mas, no limite, agora até podem lucrar no imediato?
Não foram os enfermeiros a inventar o financiamento anónimo de greves, mas elevadas taxas de adesão em sectores chave produzem resultados esmagadores. Com uma taxa de adesão muito abaixo de 10% do total, mas de mais de 90% nos blocos, os enfermeiros cancelaram mais de 5 mil cirurgias.
É o financiamento anónimo a disrupção que faltava na luta sindical? Que perversidades pode a prática encerrar até para o sector privado? Viola os princípios éticos da greve?
São perguntas para Nuno Garoupa, Luís Aguiar-Conraria e Nuno Botelho numa emissão onde se olhará ainda para as reuniões da comissão parlamentar que vai discutir a alteração do estatuto do Ministério Público.
“Os políticos pretendem escolher quem os vai investigar?”, é a pergunta.