A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) apelou ao fim da invasão russa da Ucrânia, iniciada esta quinta-feira, defendendo uma solução pacífica para o conflito, com intervenção da comunidade internacional.
“A guerra é uma grave afronta à dignidade humana e não tem lugar no nosso continente”, escreve o presidente do organismo, cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo do Luxemburgo.
Num comunicado divulgado online, o responsável mostra-se “profundamente preocupado” com a escalada de ações militares da Rússia na Ucrânia, que “abrem o cenário alarmante de um conflito armado, causando um sofrimento humano horrendo, morte e destruição.
“Hoje, a paz em todo o continente europeu e mais além enfrenta uma séria ameaça”, refere o cardeal luxemburguês.
O presidente da COMECE manifesta a “proximidade fraterna e solidariedade” dos bispos católicos da União Europeia ao povo e instituições da Ucrânia.
“Apelamos às autoridades russas para que evitem novas ações hostis, que iriam infligir ainda mais sofrimentos e desrespeitar os princípios do direito internacional”, acrescenta.
Os episcopados católicos da UE defendem ainda uma intervenção da comunidade internacional para procurar uma solução pacífica para a crise no Leste da Europa, “através do diálogo diplomático”.
Perante a crise humana provocada pela guerra, a COMECE espera que as sociedades e governos europeus acolham os refugiados que fogem da sua terra natal, na Ucrânia, e procuram proteção internacional.
“É nossa vocação, nossa responsabilidade e nosso dever acolhê-los e protegê-los como irmãos e irmãs”, pode ler-se.
O Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) também se manifestou sobre a situação na Ucrânia e “as circunstâncias que ameaçam a paz mundial, apesar dos muitos esforços de diálogo em favor da fraternidade e da amizade social”.
Unindo-se ao apelo do Papa Francisco, o organismo convida as 22 Conferências Episcopais da América Latina e das Caraíbas e toda a população a realizar “um dia de oração e jejum pela paz” a 2 de março, Quarta-feira de Cinzas.
Ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional
A Rússia lançou na madrugada de quinta-feira uma ofensiva militar em território da Ucrânia, alegando a necessidade de “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.
António Guterres, secretário-geral da ONU, recorreu à rede social Twitter para sublinhar que “a proteção dos civis deve ser a prioridade número um”.
“Deve respeitar-se o direito internacional humanitário e dos direitos humanos”, sublinhou o responsável português.
O secretário de Estado do Vaticano apelou ao regresso da “negociação” para travar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, renovando os alertas do Papa contra a “loucura e horrores da guerra”.
“Os cenários trágicos, que todos temiam, infelizmente estão a tornar-se realidade. Mas ainda há tempo para a boa vontade, ainda há espaço para negociação, ainda há lugar para o exercício de uma sabedoria que impeça a prevalência de interesses particulares, proteja as aspirações legítimas de todos e salve o mundo da loucura e dos horrores da guerra”, referiu o cardeal Pietro Parolin, numa declaração oficial divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.