A música, a dança, o teatro, a performance, o circo contemporâneo e as artes visuais juntam-se para o Festival Artes à Rua que regressa a 28 de julho, próxima quinta-feira, depois de dois anos de interregno por causa da pandemia.
Os já habituais “diálogos interculturais” vão preencher e animar o espaço público da cidade de Évora, com um total de 52 espetáculos, a realizar até dia 14 de agosto.
O Festival Artes à Rua, um projeto da Câmara Municipal de Évora, cidade candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027, conta com uma programação que resulta, em parte, de residências artísticas que unem artistas eborenses e criadores de várias disciplinas e nacionalidades.
“Destes encontros, assentes no respeito pelas diferenças sociais, étnicas, sexuais, religiosas ou estéticas de cada um, que fazem do Artes à Rua um lugar de Paz, nasceram dois espetáculos que são estreias absolutas nesta quarta edição”, adianta a nota de apresentação do evento, enviada à Renascença.
A primeira estreia, REVOADA, é o espetáculo de abertura já na quinta-feira, às 21h30. Nasce do “encontro entre o Alentejo e a África Austral”, onde a cantora moçambicana Lenna Bahule, e músico alentejano da raia, eborense por adoção, António Bexiga, “viajam no tempo e no espaço, unindo sons, histórias, memórias e tradições numa apresentação de voz, cordas, corpo e chão”.
A segunda estreia resulta de uma residência artística que une Soukaina Fahsi e os Cantares de Évora, com direção artística de Carlos Menezes, compositor e músico de Estremoz. “A magrebina de El Jadida, em Marrocos, e o grupo dedicado ao Cante Alentejano, Património Imaterial da Humanidade, darão expressão a um encontro entre as sonoridades sufi do Magreb e as polifonias modeladas no trabalho duro nos campos do Alentejo”, lê-se. Acontece a 13 de agosto, também às 21h30.
Mas há muito mais para ver e ouvir, além do que resulta das residências artísticas. Os dias, 29 e 30 de julho, são inteiramente dedicados às expressões artísticas urbanas.
‘O Bairro’ volta à cidade, com curadoria de Rui Miguel Abreu. O movimento artístico de expressões urbanas terá, nesta edição, um foco na palavra, entendida de diferentes ângulos, sob várias formas.
A programação inclui, segundo os promotores, “DJ sets de DJ SIMS, M3dusa e Gijoe, gravações ao vivo de programas de rádio e podcasts – Tape Delay de DarkSunn e Rimas e Batidas de Rui Miguel Abreu com Capicua –, poetas e artistas de spoken word (Nerve e Alice Neto de Sousa) e ainda os concertos de Ana Tijoux, uma das figuras chilenas da sua geração com maior relevo internacional, Perigo Público + Sickonce, Pródigo, Mazarin + Amaura e M.A.C. + Blasph”.
Destaque também para o ‘TEM GRAÇA’, o Festival Internacional de Mulheres Palhaças programado por Susana Cecílio, diretora da Algures – Coletivo de Criação.
Vão ser apresentados, quatro espectáculos de clown entre os dias 5 e 7 de agosto, dando espaço a um encontro de mulheres palhaças de todo o mundo.
“B.O.B.A.S. de Lisa Madsen, Jimena Cavalletti e Laia Sales pode ser visto no dia 5 de agosto, no dia 6 de agosto há UMANA de Mireia Miracle e ROJO de Maria Simões e no dia 7 de agosto, INTO THE WILD de Pina Polar”, é referido.
De entre os grandes artistas nacionais em cartaz, destacam-se, entre outros, MARO, a cantora que representou Portugal no Festival da Canção em 2022 e que atua a 3 de agosto.
A 9 de agosto, Club Makumba, projeto musical de Tó Trips (Dead Combo, Lulu Blind) e João Doce (Wraygunn), a que se juntam agora Gonçalo Prazeres e Gonçalo Leonardo.
No dia 11 de agosto, Bateu Matou, um super grupo que junta tambores e computadores, formado por Ivo Costa (Batida, Sara Tavares), Quim Albergaria (Paus) e Riot ( Buraka Som Sistema), e a 14 de agosto, apresenta-se Dino D’Santiago, “que é hoje uma voz do mundo, trabalhando a tradição cabo-verdiana com o peso contemporâneo da eletrónica global”.
As músicas de Cabo Verde e Moçambique têm uma presença significativa nesta edição do festival, com nomes como Lenna Bahule, Mario Lucio Sousa & os Kriols, Lucibela ou Scúru Fitchádu.
Para os mais novos, o dia 31 de julho é dedicado às preocupações ambientais e inclui a oficina Além Risco, sobre as alterações climáticas, e um concerto do, agora quarteto, ‘Mão Verde’, com Capicua, Pedro Geraldes, Francisca Cortesão e António Serginho.
“Call do Artes à Rua 2022”
Entretanto, através do festival, a Câmara Municipal de Évora, abre uma chamada a novas criações artísticas, designada “Call do Artes à Rua 2022”.
“A Call do Artes à Rua tem como missão o apoio a artistas, criadores, agentes culturais do concelho de Évora para o desenvolvimento e apresentação de novas criações em todos os domínios artísticos”, é explicado pelo município alentejano.
Através da arte e da cultura, pretende-se “estimular a criação artística, geradora de ações e experiências para a transformação social, em defesa das pessoas e da natureza, apoiando propostas de práticas artísticas que desenvolvam pensamento e conhecimento para a construção coletiva da sociedade como lugar de tolerância, de paz e de interculturalidade”.
A fase de submissão de propostas já abriu e prolonga-se até dia 31 de agosto. São privilegiadas “propostas que assentem em novas narrativas e formas de participar, em cruzamentos e diálogos entre corpos individuais e coletivos de artistas, agentes culturais e públicos em espaços de cultura e de natureza”.
As propostas podem ser submetidas através do formulário disponibilizado no sítio da Câmara Municipal de Évora, através do endereço artesarua@cm-evora.pt.