Os músicos Peter Gabriel e Roger Waters, a designer de moda Vivienne Westwood e o realizador Mike Leigh são alguns dos artistas britânicos que estão a insurgir-se contra a realização da Eurovisão em Israel, tendo em conta a “sistemática violação dos direitos humanos dos palestinianos” por parte daquele país.
51 artistas de diversas áreas, da música à moda e à arquitetura, assinaram uma carta aberta, publicada pelo jornal The Guardian, dirigida à estação televisiva BBC, pedindo que pressione a organização da Eurovisão para que não realize o evento deste ano em Israel.
“A Eurovisão pode ser entretenimento ligeiro”, escrevem os artistas, “mas não está isenta de considerações sobre direitos humanos – e não podemos ignorar as violações sistemáticas, por parte de Israel, aos direitos humanos palestinianos”.
Israel é o país anfitrião da competição musical europeia, depois de a israelita Netta Barziliali ter vencido a última edição, em Portugal, com a canção “Toy”.
As semifinais do concurso estão marcadas para 14 e 16 de maio e a cerimónia da final para o dia 18 do mesmo mês.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu quis realizar a competição em Jerusalém, mas a organização preferiu escolher Tel Aviv, tendo em conta a disputa entre israelistas e palestinianos sobre a cidade de Jerusalém.
“A União Europeia de Radiodifusão escolheu Tel Aviv em vez da ocupada Jerusalém – mas isto não faz nada para proteger os palestinianos do roubo de terras, despejos, tiroteios, espancamentos e muito mais pelas forças de segurança de Israel”, afirmam os artistas na carta aberta.
Os artistas apelam à BBC que aja de acordo com os seus princípios e pressione a organização para que a Eurovisão seja transferida “para um país onde não estejam a ser cometidos crimes contra a liberdade de expressão”.
Um porta-voz da BBC disse ao The Independent que vai manter a transmissão do evento, afirmando que este “não é um evento político e não inclui qualquer mensagem ou campanha política”.
“O país anfitrião é determinado pelas regras do concurso, não pela BBC”, diz a estação britânica.
Em junho do ano passado, diversas organizações culturais palestinianas apelaram ao boicote ao concurso, sublinhando que "o regime israelita de ocupação militar, colonialismo e apartheid está descaradamente a usar a Eurovisão como parte da sua estratégia oficial ‘Brand Israel’, que tenta mostrar "a face mais bonita de Israel’ para branquear e desviar a atenção dos seus crimes de guerra contra os palestinianos”.
Em setembro, mais de uma centena de artistas de todo o mundo, incluindo de Portugal, manifestaram apoio a esse apelo.
Esta semana, mais de 60 organizações, a maioria de defesa dos direitos LGBTQIA [Lésbica, Gay, Bisexual, Transgénero, Queer, Intersexo, Assexual], de vários países, Portugal incluído, apelaram aos membros daquela comunidade para que boicotem este ano o Festival Eurovisão da Canção, caso este se realize mesmo em Israel.
“Tal como na luta contra o Apartheid na África do Sul, só através de uma efetiva e sustentada pressão internacional Israel será compelido a cumprir as suas obrigações perante o direito internacional e a respeitar os Direitos Humanos dos palestinianos”, defendem as organizações.