A jornalista russa Marina Ovsiannikova, famosa por ter aparecido na televisão com um cartaz contra a ofensiva russa na Ucrânia, disse ter sido libertada após algumas horas de detenção na Rússia.
"Estou em casa. Está tudo bem", disse Ovsiannikova, de 44 anos, numa nota publicada no Facebook na madrugada desta segunda-feira. "Agora sei que é melhor sair de casa com o meu passaporte e uma carteira", acrescentou.
Segundo o advogado de Ovsiannikova, Dmitri Zakhvatov, a jornalista foi detida sob suspeita de ter "desacreditado" o exército, durante uma intervenção perante um tribunal de Moscovo, na semana passada, em apoio a Ilia Iachine, um opositor do regime russo, preso por ter criticado a ofensiva na Ucrânia.
Esta acusação, criada após o início da intervenção militar russa, acarreta uma pena de até 15 anos de prisão. As autoridades não anunciaram até ao momento a abertura de qualquer investigação criminal contra Ovsiannikova.
A detenção ocorre alguns dias depois de a jornalista se ter manifestado, sozinha, perto do Kremlin, exibindo um poster a criticar a intervenção militar na Ucrânia e o Presidente russo Vladimir Putin.
Em 14 de março, Ovsiannikova - filha de pai ucraniano e mãe russa - entrou no estúdio de televisão durante o noticiário Vremya (Tempo), do Canal 1, mostrando, atrás da ‘pivot’, um cartaz com a mensagem “Não à guerra. Ponham fim à guerra. Não acreditem na propaganda. Aqui, estão a mentir-vos. Russos contra a guerra”.
Em seguida, foi detida pela polícia e, posteriormente, libertada. A jornalista deixou o canal de televisão em 17 de março, por sua vontade, conforme declarou numa entrevista à emissora France 24.
Em 20 de março, Marina Ovsiannikova voltou a apelar ao povo russo para que denunciasse a ofensiva do exército de Moscovo na Ucrânia.
"Os tempos são muito sombrios e muito difíceis e todas as pessoas que têm uma opinião cívica e que querem que essa opinião seja conhecida, devem fazer ouvir a sua voz. É muito importante", disse então numa entrevista ao canal de televisão norte-americano ABC.
A jornalista defendeu que "o povo russo é realmente contra a guerra", considerando que esta é "a guerra de Putin, não a guerra popular russa".
Em 25 de março, foi multada em 50.000 rublos (cerca de 460 euros) por “desacreditar” as Forças Armadas da Rússia.