A linha de apoio SOS Criança já recebeu, este ano, 10 apelos relacionados com crianças desaparecidas. Destes, metade configuravam casos de fuga de casa ou de instituições, três estavam relacionados com raptos parentais, um era relativo a uma situação transfronteiriça e o outro foi o caso da criança encontrada morta em Peniche.
No Dia das Crianças Desaparecidas, que se assinala esta segunda-feira, Maria João Cosme, a responsável pela área das crianças desaparecidas da linha SOS Criança, disse à agêrncia Lusa que “com o isolamento aumenta o instinto de fuga. Há jovens que já têm instinto de fuga, mas, quando são obrigados [a ficar confinados a um espaço], há mais tendência para este comportamento”.
Na perspetiva de Maria João Cosme, a quarentena não trouxe riscos novos para estas crianças, mas potenciou os já existentes. “Por exemplo, nos casos de raptos parentais, por uma questão de segurança, o pai ou a mãe pode reter o filho mais tempo do que o que está acordado”, explicou.
Por admitir desde o início que o confinamento potenciava alguns riscos, a SOS Criança passou a funcionar em horário alargado (09:00/21:00) em dias úteis. Já a linha específica das crianças desaparecidas (116000) funciona 24 horas por dia pois, a partir das 19:00, a linha é encaminhada para a Polícia Judiciária.
Os últimos dados divulgados na semana passada pelo Instituto de Apoio à Criança indicavam um “aumento muito significativo" de apelos no período de confinamento, com cerca de 700 contactos desde janeiro, dos quais quase 300 em abril.