Gaspar Ramos considera que, em condições "normais", Jorge Jesus já teria sido demitido do comando técnico do Benfica. Tal ainda não aconteceu porque o treinador é aposta pessoal de Luís Filipe Vieira e a sua saída enfraqueceria a posição do presidente encarnado.
Assim o diz, em declarações a Bola Branca, o antigo vice-presidente do clube da Luz, para quem "numa situação normal, Jorge Jesus já não estaria, neste momento, a treinar o Benfica". O que o impede é estar "muito ligado ao presidente, que fez uma aposta" no treinador.
"É o treinador do presidente, portanto, hoje, a saída do Jorge Jesus enfraquece ainda mais a posição do presidente. Não é fácil a Luís Filipe Vieira tomar essa decisão. É por isso que, do meu ponto de vista, ele ainda não saiu, tal como já tinham saído o [Bruno] Lage e o Rui Vitória", assinala Gaspar Ramos, numa alusão a épocas anteriores.
Gaspar Ramos acredita que a Liga Europa e a Taça de Portugal ainda podem aligeirar os insucessos do Benfica no campeonato.
"Se conseguíssemos eliminar o Arsenal, poderia de algum modo trazer algum equilíbrio à situação, desde que se começasse a preparar o futuro. A própria Taça de Portugal, se conseguíssemos ganhá-la. Podiam amenizar um pouco o clima, de modo a que se começasse a projetar o futuro e se manifestasse isso publicamente de forma credível, que as pessoas olhassem para essas decisões com alguma confiança. Oque me parece que vai ser muito difícil, infelizmente", lamenta.
Luís Filipe Vieira deve agarrar-se ao futebol
Gaspar Ramos não é "apologista de eleições antecipadas", embora reconheça "que isso pode acontecer". Ainda assim, sublinha que "os mandatos devem ser cumpridos", pelo que Luís Filipe Vieira deve continuar, até ao fim, no cargo para que foi reeleito em outubro.
No entanto, avisa, tal como já o fez pessoalmente, em conversa com o presidente do Benfica, que o futebol é que dita o sucesso.
"Disse-lhe que se ele não ganhasse no futebol, as pessoas iam-se esquecendo da grande obra que ele fez. E é uma pena, porque nós, benfiquistas, temos de reconhecer que Luís Filipe Vieira fez e vai deixar uma grande obra no Benfica. Mas pode sair pela porta pequena se não cuidar do futebol de uma maneira muito a sério", alerta.
No entender do antigo vice-presidente do Benfica, o clube não tem, neste momento, "uma estrutura adequada às necessidades de um grande clube". Gaspar Ramos considera que alguns "diretores desportivos e diretores técnicos" não têm, "provavelmente, capacidade para isso".