O Papa inaugurou, esta manhã, a “Casa da Misericórdia” destinada ao acolhimento temporário de pobres, pessoas vulneráveis, sem abrigo, vítimas de violência e migrantes. Esta estrutura, com três pisos fornece serviços gratuitos de lavandaria e banhos, distribui alimentos essenciais e também roupas a quem mais necessita.
“É maravilhoso ver, depois de tantos séculos, o espírito que permeia a Igreja na Mongólia: na sua pequenez, vive de comunhão fraterna, oração, serviço desinteressado à humanidade sofredora e testemunho da própria fé”, disse Francisco. É uma casa onde há acolhimento, hospitalidade e abertura ao outro: “aqui respira-se o bom odor de Cristo”.
A Casa da Misericórdia é “uma espécie de porto onde podem atracar, onde encontram escuta e compreensão”, afirmou o Santo Padre sublinhando o valor indispensável do serviço gratuito e desinteressado do voluntariado que resulta “não na base duma compensação financeira ou qualquer forma de retribuição individual, mas por puro amor ao próximo.”
O Papa sublinhou que o verdadeiro progresso das nações “não se mede pela riqueza económica nem e menos ainda pelo valor investido na força ilusória dos armamentos, mas pela capacidade de prover à saúde, à educação e ao crescimento integral do povo” e encorajou os cidadãos mongóis a empenharem-se no voluntariado. “Aqui, na Casa da Misericórdia, tendes um «ginásio» sempre aberto onde é possível exercitar os vossos desejos de bem-fazer e treinar o coração”, disse.
Caridade e voluntariado movem a Igreja
Nesta Casa da Misericórdia colaboram voluntários de diferentes credos e mesmo não-crentes. “Este será o mais belo sinal duma fraternidade que o Estado saberá adequadamente preservar e promover”, considerou Francisco, pedindo aos responsáveis públicos que apoiem estas iniciativas humanitárias em prol do bem comum.
O Papa sublinhou que as obras de promoção social da Igreja não têm como objectivo fazer proselitismo, “como se cuidar do outro fosse uma forma de o convencer visando atrair «para o seu lado». Não é isso!”, explicou. “Os cristãos identificam a pessoa necessitada e fazem todo o possível por aliviar as suas tribulações, porque nela veem Jesus, o Filho de Deus, e n’Ele a dignidade de cada pessoa, chamada a ser filho ou filha de Deus”.
No final, para explicar o sentido da gratuidade, Francisco contou um episódio ligado a Santa Teresa de Calcutá, quando um jornalista, vendo-a curvada sobre a ferida mal-cheirosa de um doente, lhe disse: «Aquilo que fazeis é belíssimo, mas eu não o faria nem por um milhão de dólares». Madre Teresa sorriu e respondeu: «Por um milhão de dólares, eu também não! Faço-o por amor de Deus!»
Antes do seu discurso, Francisco ouviu alguns testemunhos. Um deles de uma jovem mulher, Lucia Otgongerel, que nasceu sem braços e sem pés e se converteu quando olhou para o crucifixo. “Quando vi a cruz e Jesus com pregos nas mãos e nos pés, perguntei porquê e comovi-me muito pois percebi que Ele foi crucificado por amor por mim e que esta é também a minha cruz de deficiente que aceitei com felicidade”, disse ao Papa a jovem mongol.
A chegada do Papa a Roma está prevista para as 17h20 (hora local), após 11 horas e meia de voo entre UlanBator e a capital italiana.