As contas bancárias de Isabel dos Santos foram congeladas pelas autoridades judiciais portuguesas, confirma a Procuradoria-Geral da República (PGR).
"Confirma-se que o Ministério Público requereu o arresto de constas bancárias, no âmbito de pedido de cooperação judiciária internacional das autoridades angolanas", refere a PGR, em comunicado enviado às redações.
A notícia foi avançada esta terça-feira pelo jornal "Expresso", que cita duas fontes do setor bancário com conhecimento na matéria, segundo as quais o pedido teria sido efetuado pelas autoridades angolanas, o que se confirma.
O congelamento engloba as contas bancárias e participações em empresas no valor total de mais de dois milhões de euros. As autoridades consideram que é este o valor do prejuízo causado por Isabel dos Santos aos cofres angolanos. A decisão foi tomada por um juiz português e a empresária pode recorrer.
Até ao momento, segundo aponta o Expresso, o congelamento a mando da Justiça envolve as contas da empresária angolana no Millennium BCP. Contactado pela Renascença, o banco em questão não quis comentar a notícia.
A SIC Notícias adianta que em causa estão, pelo menos, três dezenas de contas em quatro bancos: BCP, Eurobic, Caixa Geral de Depósitos e BPI.
Também foram congeladas contas de Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos, e da sócia Paula Oliveira, adianta a SIC.
Isabel dos Santos foi constituída arguida, em Angola, na sequência das revelações do “Luanda Leaks”, uma mega investigação conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e os seus parceiros. Foram revelados, no final de janeiro mais de 715 mil ficheiros, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
Isabel dos Santos terá planeado um esquema de ocultação que permitiu o desvio de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai, que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e ex-administradora da NOS.
O "Luanda Leaks" revela que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no EuroBic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos, com 42,5% do capital, era a principal acionista e do qual agora está de saída, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária da petrolífera angolana